Hoje andei na 106 e não, não passei a gostar da carreira, mas já não me custou tanto fazê-la como há um ano atrás talvez. Confesso que da zona em questão até não é das piores, mas só o facto de ter um horário de 16 minutos de viagem deixa-me algo impaciente com a quantidade de viagens que tenho de fazer num serviço. Mas hoje até passou rápido.
O rádio ficou sem pilhas a meio da tarde, mas a chuva que caía em Lisboa fazia redobrar a minha atenção na estrada o que me fez esquecer esse problema da radiofonia. A meio da tarde ali para os lados do Lumiar entra uma quantidade de passageiros entre os quais um jovem, com os seus 7 a 8 anos que se sentou inicialmente, mas que de imediato se levantou quando fechei as portas e arranquei rumo ás Galinheiras.
Aos poucos foi-se chegando á frente e ia observando atentamente todo o painel do autocarro desde as luzes que piscavam ao velocímetro, passando pelo manómetro da temperatura e pelos botões das portas. A certa altura olha fixamente para mim, mostrando uma enorme vontade em falar comigo. «Então amigo, já se estão a acabar as férias, não é?», questionei eu.
«Sim, finalmente. Que alívio! Já tenho saudades das fichas e dos problemas de matemática...», respondeu ele deixando-me quase sem resposta porque não estava á espera daquela reacção. E acrescentou: «Ninguém gosta de matemática mas eu adoro. Não gosto é do estudo humano, mas sou bom nos números e na língua portuguesa...»
Chegados ás Galinheiras, estende-me a mão e deseja-me um bom ano. Digo-lhe para que se mantenha assim aplicado na escola e que tenha também um ano cheio de coisas boas. A mãe chama-o e lá foi ele para casa, todo contente porque falou com o motorista.
São estas pequenas coisas que me fazem gostar daquilo que faço. E é bom quando assim é!
Foto editada por mim e retirada da net
1 comentário:
Se está preocupado com o nº de viagens e se transporta muita gente, então que tal pôr articulados á hora de ponta da manhã na carreira 106?
Enviar um comentário