quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

742... Mais do mesmo e o delírio da gloriosa década de 60

Pois já vem sendo hábito a 742 aparecer na escala atribuída ao meu número. Não estranho porque tendo em conta que é a carreira que tem mais chapas, logo tem mais motoristas, logo é mais provável calhar nela no que outras. Hoje lá estive de novo!

Hoje foi daqueles dias que tudo parecia estar a correr bem e até correu é certo, tirando a chuva que voltou a aparecer ainda que muito timidamente. Ao fim da tarde e já a ouvir no meu rádio, o jornalista da Renascença Pedro Azevedo, a relatar o jogo da Luz entre o Benfica e o Olhanense, entra um passageiro na paragem de Alcântara que de imediato me mostrou que já não ia sozinho...

«Boa noite amigo, era um bilhete s.f.f. e Viva o Benfica, não é!!!??», diz ele com um ar de quem já estava mais para lá do que para cá. Vendi-lhe o bilhete e recebi o 1,40€. E acrescentou...«Agora está 2-1 e a seguir vão marcar tantos golos quantos os números que o senhor tem nesta máquina onde me tirou o bilhete...» e lá se sentou. Delirava ele com o Benfica dos anos 60 porque os números que tinha na máquina eram ao todo nove e não me parece que o Benfica de hoje consiga marcar nove golos num só jogo, ainda que contra o Olhanense, e com Maradona na bancada a assistir.

Duas paragens á frente pergunta-me se vou passar na Praça do Chile, ao que lhe respondo afirmativamente. Entretanto os poucos passageiros que estavam no interior iam saindo consoante os seus destinos e restou apenas ele já ali para os lados do El Corte Inglês. Já dormia sobre o chapéu de chuva - aqueles de pé alto - e do Benfica já nem se interessava. Por esta altura já estava 3-1 a favor dos homens da Luz.

A viagem continuou e até cheguei a ouvir o ressonar do senhor que só foi "abafado" pelo quarto golo do Benfica, aquele «golão» apontado por Di Maria, segundo diziam na rádio. Entretanto, entraram uns passageiros na Morais Soares, outros na Paiva Couçeiro e com o barulho dos que entraram lá acordou. Mas não saiu. Continuou e voltou a cair para o lado e assim ficou até chegar ao Bairro Madre Deus e acordar comigo a dizer: «Amigo, chegámos ao B.º Madre Deus, tem de sair porque termina aqui a viagem...» e lá saiu ele aos "S". Para quem queria ficar na Praça do Chile...

Bem, amanhã há mais e de novo na 742.

Boas Viagens!

Foto: Gentilmente cedida pela amiga e fotógrafa, Isabel Cutileiro

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