“São 5h45 do dia 1 de Fevereiro de 2010 e começa aqui mais uma semana de formação nos «amarelos» da Carris. A entrada é só ás 7h00, mas nada melhor que acordar cedo e não andar a olhar constantemente para o relógio, enquanto me preparo para sair de casa. Lá fora está um frio daqueles, que há quem diga ser psicológico, mas que está frio, está!”
“Em pouco tempo, chego à estação e para começar bem o dia, tenho de tomar o café para abrir bem a pestana afinar os «sete olhos» que o Guarda-Freio tem de ter, como diz – e bem – o formador.”
“Ao fundo ouve-se então o ranger nas calhas do eléctrico que acaba de sair para a carreira 15E e logo a seguir, um para a carreira 18E, segue-se outro para a 25E e assim sucessivamente. Da rede aérea vem o som projectado pelo deslizar do pantógrafo no cruzamento de vias e eis que chega então a altura de preparar o carro.”
“Testar os travões, ver se tem areia, baixar o trolley, subir o pantógrafo, virar bandeiras e abrem-se os portões para mais um dia nesta caminhada pelos trilhos da capital. O nascer do sol, traz sempre consigo muitos turistas para as ruas, que não perdem um único momento para captar uma imagem do tradicional eléctrico de Lisboa.”
“A agitação aumenta nas principais zonas e o cuidado tem de ser redobrado, não só pelo movimento dos peões, mas também pelos próprios carros, que circulam nas ruas ou que simplesmente ficaram mal estacionados. Outros há que nem estacionam e ligam apenas as luzes de emergência (4 piscas). Toca-se na campainha para avisar que o eléctrico quer passar, mas os minutos passam e uma carrinha permanece em plena Rua da Boavista.”
“Num ápice junta-se a nós um carro da carreira 25E e passam a ser duas campainhas a tocar. Parece suficiente? Engana-se, porque do condutor nem sinais. Estávamos perante a primeira interrupção na formação, e claro tinha de ser na carreira 25E. Uns minutos depois, lá aparece o condutor, com um ar incomodado e até chateado por ter de apressar o passo porque o eléctrico queria passar.”
“Prosseguimos viagem e lá fomos conhecendo um pouco mais da carreira 25E até aos Prazeres e é de facto um prazer conduzir um eléctrico pelas ruas de Lisboa, quer seja na Lapa, na Ajuda ou até em Algés. Cada dia que passa, cria-se uma empatia maior com o veículo e com os seus percursos, que não se cansam de subir e descer as colinas de Lisboa.”
Por hoje já está, mas amanhã há mais!
Boas Viagens!
3 comentários:
Excelente descrição, Rafael! Como é linda a cidade quando acorda.
Abraço.
De facto, uma óptima descrição!
E essa gente com os piscas devia ser multada cada vez que o fizesse!
Facto: "A casa amarela da Carris" é um ícone da cidade de Lisboa. Apesar de ser um "homem da borracha" ao serviço da Carris e, portanto, da cidade de Lisboa, tenho um grande carinho pelas nossas casas amarelas. Cumpro sempre com a minha obrigação, seja:páro sempre para que passem.
Facto: a Carris fez uma excelente opção quando apostou no pessoal feminino. Houve, sem sombra de dúvida, um acréscimo de beleza e elegância na "borracha" e no "ferro". As nossas colegas são realmente fantásticas! Começo a compreender o porquê da tua opção...Eh! Eh!
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