Várias são as ocasiões em que, para me deslocar de um lugar a outro na cidade de Lisboa, opto por usar os transportes públicos. Não só por ser mais económico e amigo do ambiente, mas também para poder avaliar o serviço prestado pelas empresas de transporte, onde incluo, claro está, a Carris. Além de tudo isso, o transporte público, permite-me no caso dos autocarros, desfrutar da viagem sem preocupações com o trânsito e no caso do metro, obter uma rapidez na deslocação.
Esta opção é sem dúvida uma excelente oportunidade, para me colocar no lugar do passageiro e poder dar-lhe ou não razão quando o mesmo se dirige para reclamar, seja do atraso, do percurso, de uma interrupção, etc...
Mas nestas ocasiões, acabo também por avaliar comportamentos e situações por parte de quem transporto diariamente quando não estou no lugar do passageiro, mas sim no de tripulante, conduzindo milhares de vidas pelo confuso trânsito de Lisboa, ao qual se junta estados de humor variáveis, e todo o tipo de pessoas.
Hoje por exemplo, deparei-me com autocarros cheios e em carreiras que já trabalhei, onde a meio da tarde raramente a lotação era atingida na sua totalidade. Mas a minha chegada ao autocarro, deveu-se a uma inesperada interrupção da circulação do metropolitano na linha vermelha. Deslocava-me até à Estação do Oriente, mas quis alguém que a minha viagem pelo Metro ficasse por “centímetros”.
Mais de 15 minutos parado na estação da Bela Vista! O Silêncio apoderava-se das carruagens à medida que os minutos iam passando e só era interrompido por um ou outro sussurrar entre passageiros que tentavam perceber qual o motivo da paragem. Por parte do Metro de Lisboa, nenhuma informação era dada para o interior das carruagens. Valeram portanto, as portas abertas para que o acesso ao cais permitisse ler o que os painéis informativos transmitiam.
“Por motivos de incidente com passageiro, a circulação na linha vermelha encontra-se interrompida. Não prevemos o tempo da interrupção. Pedimos desculpa pelo incómodo”, lia-se nos mesmos. Aos poucos, os passageiros que já tinham abandonado as carruagens, abandonavam agora o cais, tal como eu, que de imediato procurei outras alternativas, não sem antes observar um pouco do comportamento das pessoas.
Deparo-me então a pensar que não havia melhor exemplo para comparar o comportamento das pessoas, no caso concreto, dos passageiros, consoante o tipo de transporte que utilizam. Pois se fosse num autocarro ou num eléctrico, contestação não faltaria e certamente que o posto do tripulante era o mais procurado naquele instante. Mas naquela estação, o bilheteiro permaneceu no seu posto como se nada tivesse passado, observando todos os passageiros a saírem rumo ás paragens dos autocarros. O maquinista, esse nem saiu do seu posto. Pergunto: «Custava muito informar os clientes do que se passava?»
Chego então à paragem, onde aguardei pela chegada do 794. Tal como eu, a maioria dos passageiros que saíram do metro optaram por esta alternativa. Na fila da paragem, tinham já passado 5 minutos e já se ouvia um burburinho... «O autocarro nunca mais chega!» ou «agora vai cheio!», era o que se ouvia.
Mal o autocarro chegou, parecia que o mundo ia terminar no minuto seguinte e durante o tempo que teve a tomar passageiros, o tripulante da Carris, cansou-se de ouvir reclamações quanto ao facto do autocarro estar cheio e não haver metro. Mas afinal que culpa tinha aquele meu colega?!
A viagem até à Estação do Oriente lá prosseguiu na 794 e com a maioria das paragens por fazer porque a lotação, essa já ia esgotada desde a Bela Vista.
Cheguei finalmente ao terminal. Fiz o que tinha a fazer e quando ia regressar a casa, o metro mantinha-se interrompido. Decidi então recorrer ao 705 rumo ao Areeiro. O autocarro saiu bem composto do Oriente e em Moscavide já levava passageiros de pé. Afinal aqui o problema não era o metro, mas sim os horários de verão que estão em vigor durante esta semana, sem razão de ser no meu ver.
Autocarros cheios, gente impaciente por tanto esperar e um tripulante a ser uma vez mais o muro de todas as lamentações. Será que se fosse no metro, os mesmos passageiros iriam reclamar? A pergunta fica no ar.
Chego finalmente a casa. O regresso ao trabalho esse é só dia 31 de Dezembro para a despedida de 2011. Até lá gozo as folgas, na esperança que 2012 chegue para ser melhor que 2011, algo que se prevê difícil, dada a conjuntura actual e as incertezas com que nos deparamos no sector dos transportes, sector esse onde ainda me dá gozo trabalhar.
Boas Festas!
7 comentários:
Ao que consta as interrupções na linha vermelha (e julgo que na azul também) são mais frequentes do que o desejável… O motivo? Nunca se sabe… O tempo de espera? Nunca se sabe… E é interessante ver que um dos objectivos que se pretende (ou pretendia) com o tão famoso “plano de reestruturação dos transportes “ é o de acabar com a sobreposição de percursos dos autocarros e do metro… Além de obrigar a quem não quer, por diversas razões, andar de metro, torna-se muito útil e facilita a vida das pessoas quando o metro avaria…
Bom dia :-),
Hoje de manhã, no autocarro que habitualmente apanho para o trabalho (prefiro não identificar), sentei-me no lugar logo atrás do motorista o que me permitiu observar o seu comportamento perante os passageiros. Seleccionando:… numa das paragens, uma senhora dos seus “cinquentas” vem a correr para tentar ainda apanhar o autocarro e quando entra, o motorista brinda-a, meigamente, com a seguinte frase:”Isto tem que vir a correr mais depressa… isto não pode ser assim…” (estivemos parados cerca de 5 segundos, mas a senhora tinha de ser a Rosa Mota, não acho normal). Mais à frente, o motorista pára numa passadeira porque encontra-se uma senhora (coincidência só poderá) a atravessar a mesma. Mas ele não espera e avança mais um pouco e depois diz da janela para a senhora “Então?!... vá mais depressa…” E a senhora, meia atordoada sem perceber a razão do comentário porque na verdade ela não existia… responde com educação “Isto é uma passadeira…”. Mas o motorista, provido de toda a sua razão, ainda resolve responder: “Tá aí a engonhar….” (não acho normal II). Ou as pessoas estão muitas lentas hoje para esse motorista ou ele está muito acelerado…
É apenas um olhar de passageira com o intuito de fazer ver que os passageiros por vezes também levam com atitudes menos educadas por parte dos motoristas.
Já agora, os motoristas podem escolher que carreiras que querem fazer?
Boas folgas!
Concordo consigo "Anónimo" das 9:49!
Quanto ao comentário de "Anónimo" das 10:36, permita-me antes de mais agradecer a sua visita e respectivo comentário, assim como, a sua preferência pelo uso do transporte público nas suas deslocações.
Não deixa de ser interessante esse seu reparo, mas não posso também deixar de referir que, não só na CARRIS, mas como noutras empresas existem bons e maus profissionais, uns mais simpáticos e outros menos simpáticos. Não deveria ser assim, mas na verdade ninguém é perfeito.
Nem os clientes! Eu sempre aqui referi que, se há passageiros que nem um "boa tarde" nos dão, outros há que são a simpatia em pessoa.
Contudo, num plano geral creio que o serviço prestado tem vindo a ser melhorado no que diz respeito à relação humana empresa/clientes.
Muitas das situações que possam ocorrer como a que referiu, não são de todo exemplo para uma empresa como a Carris, mas por vezes basta um acumular de situações durante a viagem para que os parâmetros habituais se alterem.
Faço no entanto votos, para que o comportamento desse motorista seja mais moderado e que vá de encontro às suas expectativas numa próxima viagem.
Quanto à pergunta, óbvio que há carreiras que nos dão mais prazer fazer que outras, contudo, não nos é possível escolher onde vamos trabalhar. Os serviços são escalados de forma aleatória para os tripulantes "Supras" e de forma rotativa para os tripulantes "efectivos", que têm carreira(as) fixas.
Votos de boas festas e próspero ano novo.
Rafael Santos
Os "anónimos" são a mesma pessoa :-)
Claro que sim, já tive a oportunidade de referir no seu blog o quanto serviço de Carris tem vindo a melhorar nos últimos tempos não só em termos de oferta de carreiras, no esforço de cumprimento dos horários, na renovação dos próprios autocarros e também na formação do pessoal que, de um modo geral, é bastante mais simpático.
Vamos esperar que tais medidas não signifiquem um retrocesso naquilo que já se conseguiu.
Há dois dias num 36 que apanhei para a Baixa (também ia no mesmo lugar, não é fetiche, apenas coincidência, ou então é pelo difusor de baunilha) assisti a um casal de meia-idade a defender o motorista com “unhas e dentes”, “coitadinhos que não tinham culpa nenhuma e as pessoas é que chegam e descarregam!…”.
Um Bom Ano também para si!
Boa tarde, não posso deixar aqui o meu descontentamento pelo tratamento dado pelo meu colega tripulante, não é essa a postura que a Carris tem vindo a implementar e é com atitudes como esta que milhares de passageiros convivem todos os dias. Claro que também existe passageiros/clientes menos correctos mas isso não dá o direito que o tripulante da Carris seja mal educado. Ainda bem que existe pessoas boas como o sr. "anónimo" bastava um simples telefonema para a Carris e esse meu colega "poderia" estar em maus lençóis. Talvez seja na próxima e nessa altura vai pagar por todas.
Desejo tudo de bom para todos. Feliz Ano Novo!
pois principalmente o estar a apressar a sra. na passadeira, até pode haver alguns peões que gostam de gozar e atravessar a passadeira o mais devagar possivel e quase parar para fumar um cigarrinho mas o tripulante só tem de desviar o olhar,dar desprezo, esperar e fingir que não se importa que é o que eu faço. ;-).
Marques.
O metro é outra onda ,não estão habituados ao maus tratos dos passageiros ,e por mais educado que um motorista ou guarda freio seja ,haverá sempre um maluco ,um bêbado um esgroviado ,um mal educado, um mal disposto para que uma resposta seja um bocado mais agressiva ,e não venham com a história que estão ali para ser bem educados porque se trocarmos os papéis então começam a pensar realmente que a mesma pessoa não trata de igual forma outro funcionário de outro ramo qualquer.Basta analisar certos comportamentos na rua para constatarmos o grau de gente supostamente culta os erros tremendos que cometem ,em quase tudo.
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