domingo, 2 de dezembro de 2012

Das luzes de Natal da Baixa às luzes das sirenes na Lapa

Este fim-de-semana nem o frio afastou as pessoas das ruas de Lisboa, nomeadamente do centro da cidade. O programa de eventos foi recheado e começou ainda na sexta-feira com a Feira das Casas Regionais que assentou arraiais no início da Rua Augusta junto ao arco triunfal. Mel, chouriços, broas, doces e até música popular animaram quem por ali passou até domingo. Já pela carreira 12E a manhã de sábado até foi calma, mas com muito frio. As voltas naquela carreira fazem-me ainda lembrar os carrosséis que agora estão também de volta ao recinto de Entrecampos onde se realizava a Feira Popular até 2003, ano em que foi extinta para dar lugar a um terreno baldio que é agora recuperado para alegrar aqueles que têm agora menos euros nas carteiras.

Mas quem não se cansa da 12E são os idosos que fazem daquele eléctrico a sua distracção diária. Ali encontram a sua companhia do dia-a-dia, aquela que não têm em casa. Trocam dois dedos de conversa, questionam o estado de saúde do vizinho e ali passam o tempo entre a Mouraria, o Castelo, a Sé e a Baixa da cidade que volta a ver as suas ruas cheias de gente porque as luzes anunciam a chegada do Natal.

Este ano a autarquia de Lisboa em parceria com a UACS decidiu voltar a apostar na decoração da cidade, atraindo assim gente para as ruas e para o comércio tradicional, o que causou diversas críticas, dada a crise instalada, mas o certo é que as ruas ganharam vida desde o final de tarde de sábado o dia em que o presidente da câmara e os representantes da UACS e dos Castros - a empresa responsável por dar mais luz à cidade nesta época - ligaram o disjuntor das Luzes de Natal. Digam o que disseram, o "Diário do Tripulante" esteve na inauguração e percorreu de seguida algumas das artérias da Baixa e não só viu gente a passear, mas também bastantes sacos de compras, um sinal positivo para a economia nacional, nomeadamente para o comércio tradicional.

Mas já este domingo, o serviço foi no eléctrico dos turistas, como muitos dizem quando vêm o vermelho a rasgar as ruas numa manhã calma e silenciosa como a de hoje, facto que seria contrariado com a chegada do sol que deu um ar de sua graça e convidou ao passeio não só dos 6000 turistas provenientes dos paquetes atracados em Santa Apolónia, mas também daqueles que costumavam viajar para o estrangeiro e que agora decidem passear cá dentro. Hoje os clientes no eléctrico turístico, não foram portanto apenas os estrangeiros que ocuparam os lugares disponíveis. 

Se uns procuravam já pelo eléctrico do Natal, outros queriam mesmo dar uma volta por Lisboa de eléctrico, mas longe da confusão habitual do eléctrico 28. E ao final da manhã ainda tive uma interrupção na Lapa com esta viatura que impedia a circulação do eléctrico. Confesso que até pensei que era mais um dos que costuma deixar o carro para ir ao café conhecido na zona pelos seus premiados pastéis de nata, mas o certo é que ninguém aparecia ao toque da campainha.

10 minutos passaram e surge uma carrinha do Corpo de Intervenção da PSP, que costuma andar ali na zona da Lapa, em serviço de vigia às embaixadas ali residentes. Um dos agentes aborda-me quanto ao tempo ali parado e tenta fazer aparecer o dono do carro, ora através das sirenes, ora através do altifalante, pedindo ao «proprietário do veículo Volkswagen, que retire o carro que obstruí a passagem do eléctrico...», mas nem assim o dono do carro aparecia. Os agentes decidiram então, intervir. Foi a primeira vez que tive uma interrupção em que a polícia apareceu e em peso, o que deixou iludido naquele instante quem se transportava no eléctrico, que devem ter pensado "como são eficazes estes tipos em Portugal"...

Com a caneta do agente a deixar já um rasto de tinta na multa, enquanto se solicitava o reboque, lá surge o automobilista a correr com os sacos do supermercado que fica na rua de baixo. «Desculpe lá mas fui só ali fazer umas compras...», justificava-se. Mas o agente não estava mesmo para justificações e depois de solicitar que tirasse o carro para o eléctrico passar, pediu os documentos da viatura e por ali ficaram algum tempo, para alegria dos que à janela assistiam como se estivessem na primeira fila do cinema.

Prossegui depois viagem até à Praça do Comércio, onde tinha já alguns turistas prontos para a viagem seguinte. E assim se passou o fim-de-semana numa capital europeia que vive uma crise onde as pessoas tentam a todo o custo e através dos meios disponíveis esquecer as tristes notícias que no dia-a-dia vão chegando a casa através da televisão. Boa semana para todos, seja a ver as luzes de Natal, seja a bordo dos veículos da CCFL, ou até mesmo do eléctrico de Natal que volta já esta segunda-feira às ruas para alegrar o Natal dos mais pequenos.


 

1 comentário:

CR 35 disse...

Lá se foi uma prenda de natal para algum petiz,mas mais uma para o Vitor Gaspar engordar a árvore de Natal da tróica,obrigado cliente do VW.Até me admira que os Biffas não fizessem confusão com o eléctrico vermelho do turismo com o de Natal porque se eles o vissem ficavam piores que as crianças atrás dos doces.Boas viagens a bordo das casinhas amarelas com conversas das vizinhas pelo meio à volta da Mouraria e Alfama.

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