sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Hoje: «Diário de um passageiro», mas não o da televisão...

Hoje no “Diário do Tripulante”, vesti a pele de passageiro e como tive de me deslocar ao Parque das Nações, decidi deixar o carro á porta de casa e ir de transportes públicos. Na ida apanhei a carreira 28 e lá fui eu de Santa Apolónia até á Estação do Oriente a bordo (creio eu) do 4603. Viaja-se bastante bem nestes novos autocarros, diga-se de passagem, e o conforto era tanto que quando dei por mim já estava a chegar ao meu destino.

No regresso já não tive igual sorte! O 28 tinha acabado de passar e a chegar estava o 759 que também me servia, apesar da volta ser maior. Mas como estava de folga e sem pressa, aproveitei e até fui na 759, ficando assim a conhecer o seu percurso na totalidade, dado que só o conhecia até á Encarnação. Entrei na Estação do Oriente e saí em Santa Apolónia.

Os cortes do trânsito na Baixa é só a partir de Domingo, mas já hoje se fez sentir um pouco do que dali advém... A chapa da frente tinha sido “cortada” devido ao trânsito e aquela onde viajei, acabou por carregar até a porta não poder fechar... Como já havia muita gente no interior, fiquei ali junto do colega, aproveitando assim para conhecer melhor o percurso e as paragens, não vá um dia ser necessário fazer lá uma viagem.

Hora de ponta, autocarro cheio e algo insólito teria de acontecer. Mas para entender melhor o que conto de seguida, proponho antes um exercício...

Imagine um autocarro em hora de ponta... De seguida recue um pouco no tempo e lembre-se daqueles televisores enormes antigos, que já não se usam e onde o cinescópio fazia com que tivessem uma «cauda» enorme. A juntar a isto, pense num indivíduo que mal se aguenta em pé com uma televisão dessas pesadíssimas, nos braços e um pires na mão e a querer entrar num autocarro.

Conseguiu visualizar? Pois eu também não queria acreditar, mas escusado será dizer que não teve sorte nenhuma, porque o meu colega - e bem – nem sequer lhe deu hipóteses de subir o degrau do autocarro porque a porta, essa nem se abriu. Pois em causa estava a segurança dos restantes passageiros, porque já imaginou uma televisão dessas cair em cima dos pés de alguém?! ... Já para não dizer que um autocarro é um transporte público – sim, mas - de passageiros e não de mercadorias.

O autocarro arrancou e ele lá ficou a aguardar a chegada do próximo, mas sinceramente acho que ficou lá toda a tarde á espera que alguém o deixasse entrar, o que duvido.

As paragens iam passando e o autocarro esse estava cada vez mais cheio e já ali para os lados do ISEL entrou uma jovem que simpaticamente – eu comprovo – solicitou um bilhete. Por ali ficou porque não dava já para chegar á retaguarda. Chegámos então a Chelas e mais uns quantos passageiros a entrar, aproveitando assim, os espaços deixados livres por aqueles que saíram.

A mesma rapariga, que ainda trazia o cabelo molhado, acaba por dizer que «já vem outro atrás, será que posso sair e entrar com o mesmo bilhete?»... Obviamente que não, e quase de certeza que ela já sabia a resposta, mas justificou-se dizendo que «ainda agora saí do banho e estar a levar com esta multidão e com a mistura de cheiros que por aqui vai, meu Deus....», tinha razão a rapariga e quanto a mim, eu só não estava arrependido por ter optado por aquele caminho, porque tinha ficado a conhecer a 759.


Destaco também a simpatia do meu colega que chegou ao ponto de também ele contar-me algumas histórias que nos últimos 13 anos de Carris já viveu, entre as quais destaco a de um passageiro que queria entrar com uma sanita no autocarro. Exactamente uma sanita! Mas só ele poderá aqui mesmo contar melhor essa história...

E assim foi um dia de folga diferente do habitual sem dúvida.

10 comentários:

Anónimo disse...

telescópio, ou cinescópio?? ai ai este ex-câmara-man... E a parte comprida até se chama tubo de raios catódicos. Eu sei que sabes, é só para me meter contigo :P

Rafael Santos disse...

Yap, mas nomes tão técnicos poderiam deixar o leitor confuso, mas assim sendo irei proceder á alteração....
Abraço Anónimo

Anónimo disse...

A carreira 759 sempre foi rica em episódios caricatos, mas essa da sanita ultrapassa os limites do ridículo. Da única vez que fiz a carreira completa tivemos (eu e os restantes passageiros) oportunidade de assistir a uma cena de pancadaria entre duas mulheres, creio que junto à paragem do Bairro das Salgadas.

Cumprimentos

Carlos Correia
element@netcabo.pt

Anónimo disse...

A ultima vez que andei na 759 foi de visita ao "MANZONI" e cruzei-me com o Rafael em Xabregas na 718.

Anónimo disse...

Posso deixar um link dum video que descobri no youtube de um episódio caricato na Gare do Oriente a bordo dum Caetano Citygold de Miraflores provavelmente nas carreiras 759 ou 204?
Fado vadio num autocarro:

http://www.youtube.com/watch?v=H7emI2ZFu3U

Anónimo disse...

...entretanto descobri que este artista também tem no youtube uma sessaão de reality show, e desta vez posso garantir que é na 759, outra vez num citygold e a paisagem ou é o Bº da Encarnação ou o Bº da Madre Deus.

http://www.youtube.com/watch?v=AF5QLbGFLVw

Se não gostares que te escreva aqui diz na boa.

Rafael Santos disse...

Isto realmente acontece um pouco de tudo e muitas das coisas nem nos apercebemos, como os exemplos que mostraste Condutor TXXI

Anónimo disse...

Essa do bilhete... em Bruxelas, Paris, Madrid, Berlim, Moscovo, Copenhaga e demais capitais pode-se usar o mesmo bilhete em qualquer transporte por 1 hora.

É por isso que Portugal é atrasado.

Berna Valada disse...

Gosto muito do teu Diário!

Ricardo Moreira disse...

Não há dúvida que o 759 é uma carreira consensual, mas para o pior! :P

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