Serviço na carreira 56 - e aqui também foi um regresso a uma carreira que há muito não fazia - e logo na primeira parte do serviço notei que o fluxo de passageiros não era o habitual. Ainda assim quem não fez ponte certamente foram aqueles que recorrem frequentemente ás carrinhas de apoio à toxicodependência, que usam com frequência esta carreira, sobretudo no troço P.Espanha - Alcântara. Nesse troço para quase em todas as paragens, excepto quando a fiscalização vai a bordo... Porque será?!
Mas borlas à parte, o que mais chateia é que são precisamente estes passageiros que mais reclamam e 99.9 % dos casos sem razão, já para não dizer 100% pelo facto de não terem titulo de transporte. Mas se pensa o leitor deste blog que é apenas isto que não muda no dia-a-dia de um transporte público engana-se.
As perguntas desnecessárias e as conversas pelo telemóvel em que todo o autocarro fica a saber o que se passa lá em casa, também fazem parte deste rol de situações com que me vou deparando diariamente. A caminho da rendição para a segunda parte do serviço, transportava-me eu na carreira 35 quando uma senhora na paragem ao ver as bandeiras com destino de "Alameda", questionou o meu colega tendo este esclarecido de forma clara, mas ainda assim, não deu para evitar um daqueles diálogos que nos dá que pensar, se não vejamos...
Passageira: «Vai para Alameda?! Então termina no Técnico!»
Motorista da 35: «Não senhora! Termina na Alameda e não no Técnico...»
Passageira: «Ahhh, mas passa no Técnico!»
Motorista da 35: «Não passa no Técnico. Fica na Alameda»
Passageira: «Então mas... (pausa) Que Alameda é essa que não passa no técnico?!»
Motorista da 35: «Alameda D. Afonso Henriques...»
Passageira: «Pois a do técnico! (E entra no autocarro)»
Passageira: «Até parece que temos de conhecer a Alameda toda, que disparate!»
E eu sentado +/- a meio do autocarro e com uma vontade enorme de lhe dizer que "até parece que todos os autocarros têem de passar no técnico", mas a senhora era tão irritante que cheguei à conclusão que o melhor era estar caladinho.
Chegado então à Alameda, dirijo-me para o Areeiro para então começar a segunda parte do meu serviço na carreira 56. Fui ás Olaias e na viagem para a Praça das Indústrias, uma senhora entra no autocarro e pede um bilhete. Ao mesmo tempo tinha a mala na mão direita e o telemóvel na mão esquerda, "colado" ao ouvido. O bilhete ia imprimindo enquanto a senhora em questão "lutava" com a sua mala a fim de procurar 1.40€ para pagar o bilhete. «Desculpe lá, mas é que também estou ao telefone e torna-se complicado...», dizia-me. Entretanto, «Olhe Sónia, a mãe não tirou a sopa para fora porque ela estava dentro do frigorífico...»
Ao que parece, a Sónia, não só não fez a sopa, como também a queria já no prato quando chegasse a casa. Mas e agora pergunto eu: "Era necessário eu e os restantes passageiros saberem que a sopa não foi tirada do frigorífico porque estava lá dentro? É que até fazia mais sentido, não a terem tirado do frigorífico para não se estragar, porque obviamente se estava lá dentro, para a comerem, tinham de a tirar cá para fora..."
E menus à parte, assim foi o regresso ao trabalho com a rotina habitual de um dia a bordo de um autocarro na cidade de Lisboa.
11 comentários:
Muito bem, o regresso do "senhor do blog" ás ruas da capital...
Ora bem, antes de comentar as sopas da Sónia, que é tratada pela mãe ao estilo "tia de Cascais", eu só gostava de fazer um breve comentário á mais recente ideia da CARRIS, os POST-IT, com a ideia de tornar em MEMORANDO uma coisa que devia ser uma OBRIGAÇÃO/DEVER!
Se as pessoas nos autocarros acham que têm direitos que nunca mais acabam, terem a OBRIGAÇÃO de validar os títulos até que é bem aceitável...
Mas verdade seja dita, esse memorando fazia falta era na mesa de quem teve essa ideia dos POST-IT...
Talvez no dia em que essa pessoa validar um título que seja num autocarro da CARRIS as ideias sejam mais brilhantes, até porque fica DENTRO das atitudes do povo (como diz CR35)...
É que realmente não é com aquilo (POST-IT) que as coisas vão mudar...
Já em relação á sopa da "Soninha", confesso que fiquei triste pela maneira como ela foi tratada pela Soninha e pela mãe...
A vontade/necessidade de a comer, nunca deve ser ultrapassada por questões logisticas, e isso sim, é um pedaço grave...
Já da 56, carreira onde eu por acaso viajei hoje (numa chapa que vinha da Musgueira, e que ia para a Praça das Indústrias), é uma carreira agradável, embora mereça e como disseste, MAIS FISCALIZAÇÃO! Era uma coisa bonita que faziam áquela carreira....
Grande tripulante, o madeirense fica por aqui, continuações de boas viagens e um grande abraço!
Pois é Pedro,
Mas olha que hoje até andaram lá, não só os fiscais da Carris como os da Strong.... :)
Abraço
A existência destes papelinhos colados nas janelas e portas dos veiculos( o que perturba a condução) são mais uma forma de sermos enxovalhados por quem não paga. por expl: quem quer ser responsável e educado não tem de estar a levar com recadinhos. quem não quer pagar, lê, olha para nós, e RI-SE!
E diz: paga tu se quiseres!
ASS. Nuno
Obviamente todos os autocarros deveriam passar no téncico não fosse o mesmo o maior aglomerado de jovens inteligentes deste país! Veja lá se da próxima vez que passar pelo arreiro decide tocar à porta...quem sabe até exista uma sopa no frigorífico!
Um abraço
Miguel
Sempre achei aquele "35 Alameda" muito inútil. Para que Alameda vai, pergunto eu? Ainda por cima o 35 serve duas Alamedas...a Dom Afonso Henriques e a da Universidade.
Que me recorde é a única carreira com essa designação equívoca.
O 794 que termina no Largo de Santos, tem a designação Santos e não Largo.
Rafael,o regresso ao trabalho na carreira 56 não é mau! afinal a promessa dos presuntos para dar ao Sr. escalador neste Natal resultaram e já agora podias ter perguntado á Sra. de que sopa se tratava ,caldo verde,legumes,feijão....Se nós Povo que pagamos impostos facilitamos de borla o tratamento dos drogados por Opção e que o governo esquece os diabéticos que têm que pagar pelas seringas ,porque não o transporte gratuito para as ditas carrinhas de apoio porque eles devem saber os passos da fiscalização ,é por estas pequenas coisas que depois do SALAZAR nos tornámos um País de corruptos e nem com mapas bem ao pormenor o Povo consegue distinguir as ALAMEDAS dos TÉCNICOS ou AREEIROS das OLAIAS Boas viagens nos autocarros, eléctricos ,ascensores e elevadores da CCFL.
Filipe,
A alameda da Universidade não vem referida no mapa da Carris nem nas espinhas como tal. E as bandeiras nesse caso seria «Cidade Universitária», o que prova que até nesse aspecto a Carris pensou!
CR35,
Eu já estava a digerir o almoço e se fosse perguntar o tipo de sopa axo que até me parava a digestão :) Continua sempre com esses excelentes comentários que arrancam sorrisos!
Abraços a todos
Acho que com esta trampa toda estamos a ficar azedos!
Ass. Nuno
Não serve de nada fiscalizar drogados. Eles apanham a multa e não a pagam. Não têm rendimentos. Ao serem postos na rua atiram uma pedrada ao autocarro e o prejuizo é maior com um vidro partido.
Dei com o teu blog ontem e estou a lê-lo todo! Acho estas histórias fascinantes e continuarei a vir aqui!
De resto, eu adoro as histórias que se ouvem nos autocarros! É com cada uma melhor que a outra.
Mas acredito que ouvi-las a toda a hora, todos os dias não deve ser fácil.
Agora que não faço nada na vida - ... - ando na Carris a toda a hora!
de facto é necessário mais fiscalização e não só na 56 mas todas e com mais frequência,também segundo sei o valor da multa não é para a carris,dai que o custo da existência de pessoal fiscalizador fica caro,mas também queimar dinheiro com a afixação de postits nos autocarros acho um enorme desrespeito a quem trabalha e não vê o seu justo vencimento em troca destes gastos desmedidos.por outro lado,infelismente em nome da boa imagem hoje o motorista não tem qualquer autoridade dentro do autocarro ao ponto de que já é moda os putos entrarem de calças abaixo do rabo e mãos nos bolsos e validar o passe não apetece e ai de quem os chamar á atênção .Existem culpados?? Sim em minha opinião,se houve-se mais fiscalização e se fosse por parte da empresa dadas instruções claras de poderem os motoristas pressionarem mais o passageiro no intuito de exercerem as suas obrigações para terem o direito de viajar.Eu digo isto por experiência própria pois fui durante 2 anos motorista dos TST e fazia o percurso de almada-p.espanha e não havia um que entra-se sem pagar e nunca precisei de agredir ninguem era simples não paga autocarro não sai apedreijas o autocarro autocarro não sai e levas porrada dos restantes passageiros que ficam sem autocarro e o motorista nem suja as mãos.Se se proceder desta forma até os autocarros andam mais limpos.16 de Dezembro de 2009.(Um motorista preocupado com o rumo da carris e seus colaboradores).
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