quarta-feira, 10 de março de 2010

A primeira vez... de quem nunca tinha andado de eléctrico

É quarta-feira. O sol da um ar de sua graça e "traz" para a rua a gente que durante dias se abrigou em casa do frio e da chuva que tem feito deste inverno um dos mais rigorosos dos últimos anos. Ao fundo ouve-se a campainha de mais um eléctrico que cruza a Estrela e com ele chega a hora de iniciar o meu serviço. Rendo a colega com destino aos Prazeres e até lá foi um instante. Do terminal ao Canas, um grupo de idosas vai tomar o café após a refeição... «é servido senhor guarda-freio? Pare aí o eléctrico e venha beber um cafezinho», diziam de forma simpática e alegre.

A viagem prossegue, porque não há tempo para cafés e num instante estou de novo na Estrela. Um grupo de turistas entra no eléctrico e perguntam se este fazia um trajecto diferente do 28E. Queriam conhecer outros cantos da cidade e diziam-se fascinados com o sinuoso percurso da mítica carreira que liga o Martim Moniz aos Prazeres. Observando o casario da Lapa lá prosseguem «colados» ás janelas do eléctrico 573.

A descida da Rua de São Domingos, mostra-lhes o Tejo como pano de fundo, motivo mais que suficiente para os fazer levantar e virem até à plataforma da frente do eléctrico para tirarem mais uma fotografia para recordação da passagem por Lisboa. Do lado de fora esta a tal senhora dos gatos já aqui referida anteriormente. Hoje não quis entrar no 25E, para sorte de quem ali se transportava.

No largo de Santos a agitação de quem chega no comboio contrasta com a calma de quem vai sentado no último lugar do eléctrico e de forma descontraída, a ouvir música no seu mp3. Do lado de fora, os putos que acabam de sair da escola tentam ganhar boleia da pendura do eléctrico, mas sem êxito porque os dois agentes da PSP que circulavam no Largo Vitorino Damásio de imediato os fez irem a pé.

A tarde passa com grande normalidade e poucos atrasos, o que já me deixa mais satisfeito. Poucas paragens na Rua de São Paulo e a diferença notória de quem consegue esticar as pernas no terminal. Devia ser sempre assim esta rua.

Na Rua da Alfândega preparo-me para iniciar mais uma viagem, e enquanto troco dois dedos de conversa com o colega Marcel que costuma andar na carreira 12 de autocarros e que até já contribuiu para o blog com um vídeo, surgem duas raparigas que perguntam se podem entrar. «Boa tarde. Era um bilhete para a minha amiga por favor. Eu tenho passe», dizia a que entrava em primeiro lugar, acrescentando que «é a primeira vez que ela vai andar de eléctrico... Como é possível?» (questionava sorrindo)

Na vida, há sempre uma primeira vez para tudo e normalmente é sempre a mais difícil, mas a amiga não quis ficar mal vista e lá se defendia como podia. «Mas eu também não sou de cá. Tenho desculpa!», dizia-me sorridente e curiosa por ver como era andar de eléctrico. Sentadas mais ou menos a meio do eléctrico lá sussurravam que «é muito fixe andar de eléctrico, vais ver.»... «mas parece ser bastante antigo...»
, e tinha razão... é da idade do ferro!

A viagem inicia-se, mas num abrir e fechar de olhos, que só deu tempo para observar o andamento das obras no Terreiro do Paço, chegamos ao Corpo Santo. A campainha interior toca e a palavra «Parar» começa a piscar insistentemente. Chegava ao fim a primeira vez da jovem que hoje se estreou a andar de eléctrico. Foi rápida a viagem, mas suficiente para ver que era realmente diferente, andar de eléctrico. Pois lá foi em direcção ao Cais Sodré com mais uma experiência no bolso, desta sua passagem por Lisboa.

Boas Viagens!

4 comentários:

André Bravo Ferreira disse...

É de fazer inveja, passear de eléctrico. Estes 2 dias de sol foram bastante convidativos...

Abraço.

Angelo disse...

Andar de eléctrico é óptimo e ainda bem que ela teve essa oportunidade!
A minha prima, por exemplo, nunca andou no 28 e vamos ter que resolver essa grave lacuna!

Serviço Universal disse...

a velhota dos gatos neste dia cheirava tal mal a tao mal a xixi, que quase ia desmaindo..

Marcel Mazoni disse...

Eu também gostei imenso da voltinha que dei com o Rafael. Vê-se que tem mesmo gosto pelo que faz. Continue assim ;-)

Também saí na paragem do Corpo Santo junto com a rapariga...
Perguntei-lhe se tinha gostado do passeio... E respondeu a moça com um grande sorriso na face: "Gostei muito!"
E até fez mais uma perguntinha:
"Para que serve aquela roda de ferro enorme que está ali ao pé da porta?" :-D

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