
Colina acima, colina abaixo, italianos, franceses, chineses, alemães, espanhóis e até muitos emigrantes, passam os seus dias de férias a bordo das casinhas andantes. Uns mais experientes que outros, estão já habituados a trazer a quantia exacta para evitar perdas de tempo. Mas outros há que se julgam mais espertos e entram no eléctrico como que se tudo fosse uma oferta da cidade.
Um casal de espanhóis, entra na Rua da Conceição com destino ao Martim Moniz. A senhora pergunta pelos bilhetes ao marido e este responde para ir caminhando para a frente. Ela segue as suas indicações, talvez confiante de que o marido ia prontificar-se a pagar os bilhetes, mas é necessário o guarda-freio, questionar o tamanho da esperteza.
"Desculpe... Título de transporte, tem?", e num instante, vê-se o dito senhor chegar-se à frente do eléctrico e pedir dois bilhetes. Outros há que entram compram um bilhete e quando têm de sair no terminal, ficam revoltados e até desconfiados do guarda-freio por ter de comprar novo bilhete para o regresso.
Passam horas e até dias nisto, numa correria constante. São até capazes de estar numa paragem com destino aos Prazeres, mas se o eléctrico para o Martim Moniz chega primeiro no outro lado da rua, então é vê-los correr desalmadamente ao estilo de um Obikwelu. Entram suados, cansados e com mochilas, carrinhos de bebé, mapas e uma série de coisas que me deixam a pensar se estão realmente de férias.
É sem dúvida uma maneira diferente de fazer turismo, daqueles que por vezes até perguntam onde é a Sé, apenas para a fotografar da janela do eléctrico ou registar no cartão de memória da máquina a entrada do café «A Brasileira», porque o que eles querem mesmo é andar de eléctrico, tranvia, strassenbahn, tramway e de preferência no 28...
2 comentários:
É maravilhoso ver que dão valor aos nossos eléctricos, aos percursos. Os portugueses dão valor ao transporte particular e olham desconfiados a quem anda de eléctrico/autocarro. É deprimente...
Um dia destes faço-te uma visita ;)
Abraço.
Mas é perfeitamente compreensível: o 28 é fantástico!
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