quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Já cheira a borracha!

Os últimos dias de trabalho não me deram sequer tempo para escrever o quer que fosse. Depois de uma tarde na 28E a fazer lembrar aquelas tardes de Agosto, não pelo calor claro, mas pela quantidade de turistas que deram novamente à costa, seguiu-se uma tarde na 25E daquelas para esquecer até porque a maioria das escolas na Lapa já recomeçaram actividade, assim como os escritórios, e o 25E manteve-se não de férias porque já lhe bastam os fins-de-semana, mas com horários de «Verão e Agosto», algo impraticável para a sua procura.

O resultado só poderia ser um. Sucessivos atrasos e um dia de trabalho mais desgastante do que qualquer semana inteira na 28E. Para compensar hoje regressei também à 18E, o que no geral se pode dizer que, o dia de ontem e o de hoje, é como que um regresso às origens. Perante um serviço mais calmo do que tem sido então hábito, deu para perceber que voltou o cheiro da borracha.

Claro que o eléctrico não passou a andar com pneus, porque era algo impossível. Refiro-me claro está, às mochilas novas, aos cadernos, aos afias, aos lápis, aos estojos e não esquecendo claro está, o cheiro dos livros novos prontos a estrear. Fez-me recordar o entusiasmo com que via cada início de ano lectivo, quando estudava. Sempre muito cuidadoso, adorava conservar os livros como novos e nem um risco poderiam ter. Gostava de abrir e sentir o cheiro. Hoje voltei a senti-lo quando um rapaz vinha com o seu avô da papelaria.

Tinha acabado de comprar a maioria dos livros que este ano vai usar na escola. Entusiasmado lá ia durante a viagem e logo no primeiro banco da frente, a comentar com o avô, o que observava folha a folha. Chegamos à Boa Hora e com a Ajuda ali tão perto, entra um amigo dele que pelo que parece ficou este ano na mesma turma, o suficiente para até ao destino deles irem mostrando um ao outro a mochila que tinham comprado, os cadernos do spider man ou os lápis de cor da Viarco. O brilho nos olhos dos rapazes contrastava com as lamentações dos custos por parte do avô de um e da mãe do outro.

«É tudo muito bonito enquanto é novo», dizia a mãe e com razão, porque depois o cheiro já não é o mesmo e o estado muito menos. «O pior é que está tudo caríssimo», respondia o avô. E lá iam falando sobre os elevados euros gastos no material que ainda não estava todo comprado.

Mas com as escolas vem também o trânsito. O Cais do Sodré de Setembro de 2010 promete ser ainda pior que o de 2009 e se for-mos até à Baixa então é melhor esperar para ver porque vem aí uma alteração de trânsito que pelo que me parece vem beneficiar os ligeiros e prejudicar os eléctricos, nomeadamente quem neles se transporta.

É portanto natural que ao cheiro da borracha e do afia lápis se junte o das embraiagens no pára-arranca. E segunda-feira voltam os horários de Inverno o que nos faz também lembrar o regresso da chuva. Tudo boas notícias para aqueles que adoram o Inverno...

1 comentário:

Angelo disse...

Que bela história! E que me fez regressar há anos atrás, quando também eu me maravilhava com os livros novos.

E eu até gosto de praia, mas quero tanto o tempo mais frio!

Translate