E hoje foi assim! Eléctrico vermelho e de serviço no circuito eléctrico das colinas, da CarrisTur. Se o tempo não convidava a andar na rua, então nada melhor que desfrutar do que a cidade tem para se ver a bordo de um tradicional eléctrico que vai continuando a fazer parte das preferências de quem visita a capital. Japoneses, italianos, franceses, espanhóis, brasileiros, ingleses e até americanos, acabam por preencher os lugares disponíveis e em muitos dos casos partilhando-os com portugueses que estão de visita a Lisboa ou de regresso a Portugal para umas férias junto dos seus familiares.
O verão parece estar ainda a retardar a sua chegada mas já se vêem por cá alguns emigrantes. Encantados com o regresso, um casal perguntava-me esta tarde de que ano era o eléctrico e que era «um prazer poder viajar numa peça de museu como estas. Os vossos eléctricos são uma maravilha da Europa», e dizia-me tudo isto ao mesmo tempo que ia traduzindo para francês a fim da esposa poder entender do que se falava.
A verdade é que os turistas também nos originam situações bastante engraçadas, quer seja pelas expressões que utilizam ou simplesmente por após esclarecidos, permanecerem estáticos a olhar para nós como se não entendessem nada do que acabámos de dizer. Ainda pela manhã, chegava junto do eléctrico em plena Praça do Comércio, ou se preferirem... em pleno estaleiro de obras, um senhor francês que mais parecia ter acabado de cortar a meta numa qualquer maratona. «Vous avez 8 places?», perguntava, enquanto tirava do bolso o seu cartão "Viva Viagem".
Ora tanto eu como o promotor, não só dissemos que já não haviam 8 lugares disponíveis como alertámos ainda, que o cartão que possuía, não lhe permitia viajar naquele eléctrico, por se tratar de um circuito turístico. E se a nossa ideia era ajudar o senhor, eis que parece que o baralhámos ainda mais. «Mais nous voulons faire une tournée avec cette carte!», rematava já sem o ar de contentamento com que ali tinha chegado. E lá lhe explicámos em francês que, haviam várias carreiras e que dependendo de onde queriam ir, teriam de optar por determinada carreira, até que ao fim de alguns 5 minutos compreenderam a diferença entre o 28 que era o que pretendiam e o eléctrico turístico.
Mas se já tinham dito ter entendido que era na 3ª rua acima que apanhavam o 28E, acabavam por aguardar ali mesmo... talvez a passagem do 28E. É caso para se dizer... "c'est pas possible!". Entretanto do lado de dentro do eléctrico uma turista inglesa pedia-me que lhe tirasse uma fotografia. Não queria certamente deixar de relembrar no futuro esta sua passagem por Lisboa e pelo transporte que é também ele símbolo da cidade.
Até ao final do serviço houve ainda um grupo de italianas que desfrutaram ao máximo da viagem. Fotos, gargalhadas e até lanche com um bolo de chocolate que fez crescer água na boca a quem estava naquele eléctrico. Mas o dia não poderia acabar sem uma pergunta curiosa do emigrante que já mal falava o seu português, quando na Estrela tive de fazer subir o pantógrafo, depois de ter baixado o trolley. Perguntava-me ele já meio aflito... «Então o tramway apagou-se?... Veja lá que nous temos que ainda ir na linha blue.» E por instantes lembrei-me da rubrica da RTP intitulada «Bom Português», mas que aqui teria uma conclusão diferente: "E assim se fala em bom françuguês..."
O eléctrico não se apagou e prosseguiu viagem até ao final do circuito onde metade dos passageiros pareciam ter gostado tanto de andar de eléctrico, que permaneciam sentados com os auriculares nos ouvidos, à espera de mais informação turística do áudio-guia...
1 comentário:
Turistas, turistas... Eles sempre rendem cirunstâncias assim... Imagino como deves ter paciência para lhes explicar em muitos idiomas aquilo que eles custam a perceber. Muito bom o texto, Rafael, abraços!
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