terça-feira, 29 de maio de 2012

"Batalha" Brasil-França numa viagem que em tudo se parecia a uma superfície comercial num 1º de Maio

Numa altura em que os lisboetas já só pensam nas festas da cidade que se aproximam a passos largos, como anunciam as sardinhas pelos sinais da Baixa, e nas caracoladas que prometem fazer companhia durante os jogos do Euro2012, outros há que nem sequer sabem da existência dessas festas em honra a Santo António e que só querem é conhecer Lisboa através dos eléctricos que percorrem as ruas estreitas de Alfama, Chiado, Bairro Alto, etc...

Se a viagem no 28E faz-se que nem sardinhas enlatadas, como é hábito "apregoar-se", já no circuito das colinas da CarrisTur, o limite da lotação são 24 lugares sentados, para que se possa desfrutar de uma viagem tranquila e sem peripécias para os turistas mais distraídos, ou confusões com a entrada e saída nas paragens. Mas a verdade é que nem sempre tudo corre com normalidade e hoje foi o dia!

Com uma procura considerada, e hoje nomeadamente por brasileiros e franceses, os eléctricos acabavam por sair da Praça do Comércio - o seu ponto de partida - bem compostos e os poucos lugares que restavam, eram preenchidos na paragem seguinte, na Praça da Figueira. Mas se neste serviço, não acontecem situações que diariamente presenciamos quer seja no 28E, 25E 15E ou outras, o certo é que na última viagem tudo parecia querer contrariar esse facto. Uma interrupção nas Escolas Gerais, originou um maior tempo de espera pelo eléctrico, para os turistas que de férias, parecem correr a caminho do trabalho.

A minha chegada à Praça da Figueira, acabou por ser algo semelhante ao dia 1 de Maio num Pingo Doce qualquer (passe a publicidade). Perante uma paragem repleta de turistas, mas em que todos pareciam estar ao molho, em vez de estarem numa fila de forma ordeira, o abrir da porta originou os primeiros empurrões e trocas de palavras entre povos oriundos da Europa e das Américas. 

Peço calma na entrada porque só tinha 8 lugares disponíveis. Um casal de Ingleses entram e sentam-se de imediato, dizendo que tinham sido os primeiros a chegar. Mas ao mesmo tempo, tenho já dentro do eléctrico 1 francesa com dois bilhetes. O marido não tinha ainda vencido o "muro" criado pelos que forçavam a todo o custo a entrada no eléctrico. Restavam só 4 lugares e tinha 5 turistas brasileiros querendo entrar no eléctrico, ou melhor estavam praticamente já todos sentados com um apenas por sentar. Começava então a batalha Brasil-França em que o resultado final daria direito ao único lugar disponível.

«Moço, nóis estavamos primeiro. Esse senhor está sendo grosseiro...», dizia uma turista brasileira (...) «Pardons, mais c'est mon mari», alegava a francesa. Pedi que chegassem a uma conclusão de quem estava primeiro porque não poderia eu decidir, uma vez que não tinha visto quem tinha chegado primeiro, até que depois de muita gritaria, insulto e "chega pra lá", venceram os franceses. E se faltavam lugares, de imediato sobravam 4. Chegaram mais três turistas e a viagem prosseguiu com apenas um lugar livre, mas só até ao Castelo.

Nas Portas do Sol tinha dois à espera do eléctrico e lá seguiram viagem, uma sentada, outra de pé na retaguarda. Mas o pior estava para vir no Largo do Camões com dois casais ingleses. Abro a porta e digo-lhes que está já completo. De imediato gritam comigo dizendo que estavam há duas horas à espera e que tinham pago 18 euros. Digo-lhe que não havendo lugares, não tinha o direito de expulsar ninguém. Insiste em dizer-me que pagou 18 euros e que ia viajar comigo custasse o que custasse. Peço-lhe para que seja condescendente e veja como iam preenchidos todos os lugares disponíveis, mas insistia em não em querer ouvir. 

Informo-lhe que quando começou o circuito, foi avisado pelo áudio-guia de que se saísse não era garantido que tivesse lugar no próximo eléctrico, mas o senhor teimava em descarregar a sua revolta em cima de mim, decidindo empurrar-me e entrando em direcção ao corredor do eléctrico agarrando-se a um balaústre junto à retaguarda, dizendo «let's go...».

Os restantes rejeitavam tamanha atitude, mas para evitar mais chatices e o impedimento da carreira 28E que já se juntava atrás com dois eléctricos, prossegui viagem com o senhor que pensa que por ter pago 18 euros pode fazer o que quer e mandar no que não é dele, arranjando confusões mesmo quando o objectivo de umas férias possa ser descansar e estar longe de confusões...

 

2 comentários:

CR 35 disse...

Chi! parecia um filme do António Silva e Vasco Santana,mas com alguma razão!se não asseguram mais eléctricos não vendam tantos bilhetes!

Anónimo disse...

Até esta uma história muito engraçada, mas amigo venha conhecer o metro sul do tejo, confusões e discussões de bilhetes e lugares é a normalidade, se visse o resto...

Translate