segunda-feira, 18 de junho de 2012

De Itália para Portugal com... desconto!

Seja só uma paragem ou no percurso todo, alguns dos passageiros que utilizam as carreiras da Carris, estão cada vez mais habituados a viajar de forma ilegal. E são várias as formas como o fazem julgando até que o tripulante é um grande totó que não se apercebe de nada e lá vão em direcção ao lugar localizado o mais próximo possível da saída. O caminho da porta da entrada até ao lugar, depois da passagem pelo validador é feito quase como acontece no atletismo após o cortar da meta, em que só falta levantarem os braços e gritar de alegria, por terem conseguido "enganar" mais um. Mas na maioria estes passageiros pretendem ser discretos e rápidos. Há os que validam, e após sinal vermelho com o apito prolongado, lá seguem caminho dizendo que «estas máquinas estão sempre avariadas, não mandam arranjar isto...» e outros há que reclamam já falta de paciência para com os validadores.

Mas a paciência para com estes senhores e senhoras é que já começa a faltar a alguns dos tripulantes, que saturados de tantas borlas, lá acabam por chamar a atenção de um ou outro passageiro que gosta mais de dar nas vistas ou que não é ainda exímio na arte de enganar o tripulante. Depois há aqueles que são amantes das promoções típicas de supermercado - o pague um, leve dois! Algo que foi resultando até hoje quando na carreira 735 o tripulante se apercebeu que algo não estava a ser feito de forma correcta. Acabou-se então a promoção!

De origem italiana, a passageira em questão, parece ser habitual frequentadora da carreira 735 e se num primeiro dia entra por trás com malas e faz-se esquecida para validar o título de transporte, já num segundo dia fez-se acompanhar de uma amiga com quem iria aproveitar a tal hipotética promoção pague um e leve dois, em que o mesmo passe dava para as duas viajarem. Mas como não há uma sem duas nem duas sem três, eis que hoje era ela e mais duas amigas, e o tripulante decidiu então estar atento e com olhos de lince. A primeira valida o Lisboa Viva, e de surra passa para a segunda que decide validar no validador da frente, e talvez comprometida com algo deixa inesperadamente cair o passe.

Nestas situações a verdade acaba sempre por vir ao de cima e o passe acabaria por cair com a fotografia virada para cima. Não vendo ninguém presente do sexo masculino entre o grupo e por não constatar a barba em nenhuma das raparigas, o tripulante do 735, solicita à jovem que lhe deixe ver o passe em questão. «A menina usa barba?» perguntou o tripulante à jovem que em instantes de segundos ficou mais vermelha que a luz de paragem do semáforo. O cartão foi de imediato retido, o que acabou por deixar indignada a jovem italiana que há já alguns dias usava-o para se transportar... «perdi meu passe e carreguei este por isso é meu!», justificava.

E assim acabava a validade da promoção semanal, quinzenal ou até mensal em que um pagava e dois viajavam! Agora até reaverem o passe de volta vão ter de optar pelo slogan "para viajar vais ter de pagar!" Capito?...


[n.d.r]: História vivida a bordo da 735, relatada e gentilmente cedida pelo tripulante Ro Dias.

8 comentários:

CR 35 disse...

A imagem de um País revela-se nestes pormenores do dia a dia ,e por vezes estes exemplos são maus demais.

Anónimo disse...

" a menina usa barba?" lol
marques.

pedro santos disse...

pois eu não percebo qual é o problema de usarem o mesmo passe ou o passe até de um amigo. pagaram não foi? então porque insistir em complicar a vida às pessoas? só para parecer mais importante? bah!

Rafael Santos disse...

Caro Pedro Santos,

Não se trata de querer ou não parecer ser mais importante, mas sim uma questão de segurança. Imagine que perdeu ou roubaram-lhe a carteira onde estava o seu passe que lhe custou por exemplo 35.00€ e alguém o estaria a usar à sua custa. Certamente não iria gostar e iria sentir-se lesado.

Cumprimentos,
Rafael Santos

Tiago Santana disse...

Eu sou uma pessoa que é completamente viciada em autocarros, ando sempre para cima e para baixo e por vezes passo o dia todo na companhia do meu pequeno vício, vivo do outro lado do Tejo, no Barreiro, em que existe uma empresa da Câmara Municipal (Transportes Colectivos do Barreiro), em que isso acontece com alguma frequência, e as pessoas que fazem isso, que geralmente são mais novos, mas os mais velhos também o fazem.

O problema é que os motoristas não são nenhuns parvos e vêm as pessoas que entram de 'borla', não é a 100% por vezes um ou outro escapam-se mas maior parte das pessoas são vistas. Penso que alguns motoristas não se chateiam muito com isso, porque a fiscalização devia ser mais apertada.

O que me surpreende é que algumas dessas pessoas que entram de 'borla' ainda vão para dentro do autocarro falar mal do serviço, fazem distúrbios, entre muitas outras coisas. Secalhar se essas pessoas pagassem bilhete o serviço estava um pouco melhor, digo eu.

Sr. Rafael Santos, gostei muito desse post porque fala de um tema importante e que acontece muito no dia-a-dia.

Comprimentos,
Tiago Santana

Tiago Santana disse...

Eu sou uma pessoa que é completamente viciada em autocarros, ando sempre para cima e para baixo e por vezes passo o dia todo na companhia do meu pequeno vício, vivo do outro lado do Tejo, no Barreiro, em que existe uma empresa da Câmara Municipal (Transportes Colectivos do Barreiro), em que isso acontece com alguma frequência, e as pessoas que fazem isso, que geralmente são mais novos, mas os mais velhos também o fazem.

O problema é que os motoristas não são nenhuns parvos e vêm as pessoas que entram de 'borla', não é a 100% por vezes um ou outro escapam-se mas maior parte das pessoas são vistas. Penso que alguns motoristas não se chateiam muito com isso, porque a fiscalização devia ser mais apertada.

O que me surpreende é que algumas dessas pessoas que entram de 'borla' ainda vão para dentro do autocarro falar mal do serviço, fazem distúrbios, entre muitas outras coisas. Secalhar se essas pessoas pagassem bilhete o serviço estava um pouco melhor, digo eu.

Sr. Rafael Santos, gostei muito desse post porque fala de um tema importante e que acontece muito no dia-a-dia.

Comprimentos,
Tiago Santana

Anónimo disse...

Boa noite,

Ando diariamente de autocarro e na carreira que utilizo andar de borla é quase "normal" sendo que há pessoas que nem se dão ao trabalho de disfarçar com o sinal vermelho da máquina. Compreendo que os motoristas tenham as suas razões para já fecharem os olhos aos borlistas até porque se os srs. fiscais não exercem as funções correctamente não são eles que têm de fazer o seu trabalho. É que desde que "levei" com uma multa (sem saber que estava a cometer uma infracção mas tive de sair do autocarro e paguei a mesma) passei a observar atentamente o trabalho dos mesmos, que volta não volta são frequentes na “minha” carreira e eis que retiro as seguintes conclusões: 1º os homens são quase sempre "perdoados" com o "para a próxima tenha mais atenção" ou, na pior das hipóteses, é obrigado a ir ter de validar mais uma viagem; 2º as mulheres levam sempre com “devia saber”, azar; 3º as pessoas que apresentam risco de oferecer resistência (diga-se física) é-lhes passado o auto de contra-ordenação e continuam a seguir, tranquilamente, a sua viagem pois nem sequer lhe é dito “tem de sair”. Acho isto uma falta de respeito para com os restantes passageiros que estão no autocarro e que pagaram as suas viagens/passes que vêem, percebem, não gostam, mas também não estão para “se chatear”. E assim vamos continuando. Um bem-haja a esse motorista.

CR 35 disse...

Senhor Pedro Santos,o meu passe foi pago por mim por isso não é comunitário,deve ser daqueles que abusam do trabalho dos outros,ao usufruir daquilo que não lhe custou a ganhar ,se é que trabalha. É por pessoas como o senhor que neste País existe demasiada corrupção ,e isso leva a injustiças e o motorista cumpriu simplesmente aquilo que lhe compete ,como a maioria das pessoas que se transportam ainda não se dignaram a ler o RT pensavam duas vezes antes de praticarem algo a bordo dos transportes,porque actualmente quem os utiliza pensa que ao pagar um bilhete ou um passe Mensal podem fazer o que querem dentro dos mesmos,não é assim tem que haver respeito por todos aqueles que por vezes com dificuldade necessitam de usar esse mesmo transporte .E o motorista é tão mais IMPORTANTE que o Senhor, porque faz um trabalho que o Senhor a pensar dessa maneira nunca lhe chegará perto.

Translate