sábado, 21 de julho de 2012

[Off Topic]: Crónica de umas férias lá fora e cá dentro...

Chegaram ao fim as tão esperadas férias. Até chegar a data em que deixamos de parte as tarifas de bordo, trocos e o cumprir de horários e os nossos queridos passageiros, os dias parecem anos e as horas parecem ter mais que 60 minutos, mas quando o tempo de descanso chega, eis que as semanas parecem passar num abrir e fechar de olhos e se ontem estava a caminho de Praga ou a desfrutar de exposições em Lisboa, ou das praias da linha, já esta segunda-feira marca o regresso ao trabalho.

Este ano com o corte do subsídio de férias, ordenado pela Troika, que persiste em reduzir a quem tem os salários mais reduzidos, a viagem a Praga só foi mesmo possível graças ao facto de no ano anterior não ter ultrapassado fronteiras e ter poupado alguns euros com o turismo do pé descalço. Viajar é sempre bom para poder ver como funcionam afinal as coisas noutros países. Constatar que de facto temos o melhor clima e comida, embora desta feita tenha apanhado bom tempo e boa comida na capital da República Checa.

Praga - A cidade dos eléctricos ...

Praga é uma cidade bonita e fácil de se conhecer e amar. Os eléctricos são imagem de marca da cidade, porque são eles que compõem 90% da rede de transportes da cidade que também tem um rio que a caracteriza. O Moldava não tem a largura do Tejo, mas tem mística e arte em todas as suas pontes, com principal destaque para a Ponte Carlos. Mas deixo a arte e a história para os guias. O que vos quero falar é do sistema de transportes que decidi explorar ao máximo. Só assim poderei concordar ou discordar quando dizem que a minha empresa presta um bom ou mau serviço ao cliente.

Autocarros, eléctricos e metro pertencem todos à mesma empresa, tal como acontecerá em breve em Lisboa com a junção da Carris e do Metro. E para além destes meios que fazem parte da rede pública de transportes da cidade, há ainda carreiras especiais que ligam o Aeroporto de Ruzyne ao centro da cidade tal como o nosso AeroBus e foi precisamente este o primeiro meio de transporte que quis utilizar. Paguei 60 Kc (o equivalente a 2.35€) mas o serviço, além de demorado não foi confortável, porque era muito idêntico a uma tarde de verão na nossa carreira 28E, mas também com muitas bagagens à mistura. A informação disponível no autocarro era apenas em checo o que também não ajudou em nada, porque não é do dia para a noite que se aprende um idioma que tem palavras e verbos que podem ser conjugados em 7 formas diferentes.

Informação em Inglês, só mesmo a impressa nos bilhetes ou a fornecida pelo posto de informação e vendas da DPP (empresa equivalente à Carris), ainda no terminal de chegadas do Aeroporto, mas lá seguimos viagem. No mesmo posto de informação e venda tinha já adquirido o bilhete de 3 dias que me permitiria andar em todos os transportes públicos, incluindo o funicular de Pétrin, por 310 Kc (algo equivalente a 12.15€).

Se em 2006 quando lá tinha estado apenas tinha visto material circulante bastante antigo, já desta vez tive o prazer de utilizar eléctricos novos porque nos países de leste e centro europeu continua-se a apostar neste meio de transporte, menos poluente e mais rápido. Não estranhe a parte do rápido porque é mesmo. Nestes países o eléctrico é Rei e tem prioridade em todos os cruzamentos e vias. A cultura de quem se transporta também é completamente diferente e se o eléctrico arranca quando chegamos à paragem, não se ouve vozes de descontentamento ou insulto para com o tripulante. O sistema de transportes funciona bem e é eficiente. Contudo, a rede de eléctricos é bastante antiga, o que obriga a inúmeras reparações. Mas o turista nem precisa de se preocupar porque se há alterações de percurso, há nas principais paragens, pessoal a prestar informações sobre alternativas, assim como cartazes informativos em todas a paragens.

O metro passa em cada estação, aproximadamente de 5 em 5 minutos e é também uma forma rápida de se deslocar na cidade, embora não aconselhada para quem não pretende perder a oportunidade de ver a beleza de todos os prédios que fazem desta cidade, única na Europa. Os autocarros são recentes e circulam mais do centro para a periferia, mas são na maioria rápidos e cómodos. Depois de percorrer toda a cidade e muito graças aos eléctricos, lá tive de comprar uma viagem para regressar ao Aeroporto e desta feita por metro e por uma carreira regular. Paguei 32 Kc (1.25€ por 90 minutos) num bilhete que adquiri numa das várias máquinas existentes nas paragens e no metro.

Os 4 dias passaram num abrir e fechar de olhos e as restantes férias foram passadas em Lisboa...

Lisboa - A cidade cada vez mais do metro...

Depois das experiências de mobilidade além fronteiras eis que cheguei a Lisboa, a dias da inauguração do prolongamento da linha vermelha do metro de Lisboa. Moscavide, Encarnação e Aeroporto, ganhavam a 17 de Julho a chegada do Metro e graças a este feito, e por imposição do corte orçamental, a Carris viria a perder no passado dia 20 de Julho duas carreiras - a 21 e a 745, num ajuste da rede que abrangeu sete carreiras. As vozes de descontentamento voltam a surgir por parte de quem há muitos anos usava as referidas carreiras e por parte de quem passou a ter de recorrer também a elas, graças aos sucessivos cortes orçamentais nos seus rendimentos.

E as conclusões parecem ser simples, a rede de transportes de Lisboa, gira cada vez mais em torno do metro, que nem sempre tem facilitado o seu acesso, ora por escadas rolantes avariadas ou elevadores fora de serviço, mas ao qual as pessoas se vêem cada vez mais obrigadas a usar, por falta de transportes à superfície. Reduz-se a oferta, e as que permanecem vêem igualmente o seu horário ser reduzido e tudo com a desculpa da contenção de custos, na mesma altura que se incentiva o uso dos transportes não só pelas campanhas publicitárias, como pela redução dos salários que obrigam a deixar à porta o carro particular que vê todas as semanas o preço dos combustíveis subir degrau a degrau.

Se lá foram não há preocupações com a sobreposição de linhas com a rede do metro, por cá isso é sinónimo de incompatibilidade, resta então saber qual será a compatibilidade para o transporte da população se algum dia o metro falhar. 

Conclusões...

Chego portanto ao momento em que tiro as minhas conclusões, quando comparando duas cidades, capitais europeias e claro está, as duas empresas. O nosso AeroBus, presta um excelente serviço e relação qualidade/preço na ligação do Aeroporto ao centro da cidade. Já a rede de transportes de Praga pode parecer confusa, mas não chega a ser remendos de uma rede de metro. A cultura dos povos também é bem diferente, o que permite o cumprimento de horários com mais rigor a leste. na República Checa, os eléctricos e autocarros não apresentam restos de comida ou jornais porque os passageiros não os deixam lá. E recordo que também os cães se transportam e pagam bilhete. Os passageiros ocupam as viagens a ler e são de poucas conversas cruzadas no transporte, o que acaba por geral alguma calma no interior. Já as paragens não são tão confortáveis como as nossas, mas ganham na informação disponível.

A frota da Carris é mais actual, o que permite uma melhor comodidade, conforto e segurança. Por lá não há validadores, porque os obliteradores ainda marcam presença para carimbar os bilhetes que são também eles mais bonitos que os nossos, para alegria dos coleccionadores. As equipas de fiscalização, andam descaracterizadas e actuam apresentado um crachá. Só assim conseguem apanhar os poucos fraudulentos que circulam nos transportes.

Por fim, referência apenas aos tripulantes que por cá têm mais contacto com o cliente, dado que grande parte dos veículos por lá, têm uma cabine que impossibilita o contacto com o cliente.  

Segunda-feira regresso então aos carris de Lisboa, deixando de parte a máquina fotográfica, passando de novo a ser o alvo de quem nos visita e quer levar uma fotografia dos nossos eléctricos que também continuam a ser os mais bonitos da Europa ou até mesmo do Mundo!
 
 

1 comentário:

CR 35 disse...

Só quem viaja em transportes de outros países,pode fazer a comparação e por muito bom material circulante que a capital de Portugal tenha ,parece-me que não lhe dão um uso mais eficaz .Convém que os gestores das empresas se juntem e por essa Europa fora aprendam com o que de melhor se faz. Só assim podem dar um transporte rápido,eficaz e de qualidade aos Lisboetas ,aos que vêm trabalhar e aos turistas.A ideia que sempre defendi está em prática nos transportes ,ou seja um género de polícia com poderes para fiscalizar autuar e prender ou então fiscalização à civil,boas viagens a bordo dos amarelos da Carris.

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