domingo, 18 de novembro de 2012

«The place of the strike!” by tram...

Depois dos turistas veraneantes, chegam diariamente a Lisboa aqueles que preferem visitar Portugal sem calor e sem a azáfama que, uma cidade como Lisboa está sujeita em pleno Verão. Chegam de avião, mas muitos chegam também de barco. O Porto de Lisboa tem registado ocupações quase diárias por parte de grandes navios de cruzeiro que têm sido uma preciosa ajuda para o turismo português.

São sobretudo holandeses, alemães, italianos e brasileiros e tem sido com eles o contacto directo no circuito das colinas. Com o cheiro a castanha assada que sai dos assadores por onde vai passando o eléctrico, e com os senhores de azul que vão decorando as ruas anunciando que o Natal está à porta, lá se passou mais uma semana e com uma greve geral pelo meio, que tem sido tema de conversa em todos os jornais, pelos confrontos que se registaram já após a manifestação.

As marcas ficaram visíveis nas ruas por onde passou a avalanche de manifestantes e polícias. Vidros partidos, ecopontos queimados, ruas fechadas e lixo no chão foram registos fotográficos de uma passagem por Lisboa, de quem nos visitou esta semana. Não admira portanto que ao passar pela Assembleia da República os comentários surjam no interior do eléctrico, por muito que o áudio-guia continue a explicar a história do Parlamento. «The place of the strike!” comentava hoje um turista para a esposa.

Já pela carreira 28E os comentários não fogem da manifestação, mas incidem mais sobre a crise. As pessoas transportam-se cada vez mais sem título de transporte e estão cada vez menos receptivas à compreensão, seja ela necessária por causa de uma interrupção ou porque alguém mais necessitado precisa de um lugar para se sentar. Em instantes de segundos, uma caixa de madeira com 20 lugares sentados, parece tornar-se num autêntico barril de pólvora, o que não afasta ainda assim, as enchentes habituais a que estes eléctricos estão sujeitos, porque o que interessa é a andar pelas colinas na mais emblemática das carreiras de eléctrico.

Com os eléctricos cheios, muitos são os que vão ficando nas paragens, e mesmo vendo que o eléctrico vai cheio, custa-lhes entender porque é que afinal de contas o guarda-freio não obedece ao pedido de paragem. O aproximar do eléctrico à paragem é feito a uma velocidade mais reduzida para que todos percebam que não é possível parar porque está cheio, mas ao mesmo tempo que me vou aproximando da paragem, os braços das pessoas que estão na paragem vão abrindo e em segundos tenho inúmeras visões do Cristo-Rei. Outros há que chegam mesmo a insultar por não parar, mas o certo é que ainda não há lugares ao colo.

E com tudo isto lá se passou mais uma semana que termina com um regresso à Ajuda em vésperas de uma pausa para umas merecidas e necessárias férias. O regresso aos carris está depois agendado para o início de Dezembro, talvez já com as ruas iluminadas, com o eléctrico de natal a circular e com os habituais votos de boas festas que tantas reclamações causam nos autocarros amarelos. É tudo por agora!

1 comentário:

CR 35 disse...

A política errada dos transportes e a não aposta neste meio de transporte geram situações destas .Para quando a reabertura de mais uma linha para desanuviar um pouco a carreira 28! nos panfletos que são distribuídos aos turistas deviam fazer referência também ás outras linhas (posso estar a cometer uma gafe)porque servem também partes da cidade com interesse.

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