Sedentes de viajar e conhecer (supostamente) novos países e culturas, os turistas estão de volta e por muito que me possa custar dizê-lo, tenho de o fazer. Estão de volta e piores que nunca. Chego à conclusão que o tempo de pandemia foi uma lufada de ar fresco para quem trabalha com turismo, muito embora a crise do sector ou a falta de emprego para muitos, mas para nós guarda-freios foi um descanso, tenho de admitir. Chegava a casa tranquilo, preparado até se necessário, para fazer outro serviço no próprio dia. Agora acontece o oposto. Já saio de casa para o trabalho a pensar na hora do fim do serviço.
As filas voltam aos tempos pré-pandemia, e os turistas trazem "manhas" que antes não tinham. Tentam entrar sem pagar, teimam em não querer sair nos terminais e a quererem ser eles, a impor as regras do funcionamento de um transporte que é público e não turístico. Não querem ceder lugar a idosos, querem viajar sentados durante o dia, mas se for à noite até podem ir às cavalitas.
A juntar a tudo isto, a falta de fiscalização nas ruas de Lisboa, com TVDE's e Estafetas a fazerem acrobacias, com cargas e descargas a hora de ponta entre outras coisas mais. A polícia? Quando temos a sorte de a ver, está no carro tentando não se chatear. E nós lá continuamos com a pressão de quem quer chegar a horas a casa ou ao trabalho, e muitas das vezes até com pedidos internos para avançar do terminal mais cedo, como que se não pudéssemos respirar, comer ou até urinar, com interrupções atrás de interrupções e com um turismo pé descalço que quer pagar 3 euros para andar todo o dia de eléctrico. Calma! Nós também fazemos parte desse grupo que se dá pelo nome de humanos.
O cansaço vence qualquer bom senso que ainda possa resistir porque afinal não está tudo bem e ao que parece não há quem veja, ou quem não queira ver, que é desumano trabalhar nestas condições. Afinal de contas, vai ficar tudo bem? Mas quando?
Boas viagens a bordo dos veículos da CCFL.
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