terça-feira, 12 de outubro de 2021

Pós-Pandemia na 28E: Vai ficar tudo bem, mas quando?

Dizia-se à boca cheia que "vai ficar tudo bem", sempre acompanhado de um arco-íris colorido dando sinais de esperança na humanidade e que a mesma tivesse aprendido algo com esta pandemia da covid-19. O medo causado pelas mortes, o afastamento das pessoas com medo do contágio, a simpatia de quem agradecia a quem tinha de continuar a trabalhar para manter o país de pé, tudo eram bons sinais e presságios para que de facto tudo ficasse bem, mas o certo é que o presente pós-desconfinamento só vem provar o contrário. 

Sedentes de viajar e conhecer (supostamente) novos países e culturas, os turistas estão de volta e por muito que me possa custar dizê-lo, tenho de o fazer. Estão de volta e piores que nunca. Chego à conclusão que o tempo de pandemia foi uma lufada de ar fresco para quem trabalha com turismo, muito embora a crise do sector ou a falta de emprego para muitos, mas para nós guarda-freios foi um descanso, tenho de admitir. Chegava a casa tranquilo, preparado até se necessário, para fazer outro serviço no próprio dia. Agora acontece o oposto. Já saio de casa para o trabalho a pensar na hora do fim do serviço. 

As filas voltam aos tempos pré-pandemia, e os turistas trazem "manhas" que antes não tinham. Tentam entrar sem pagar, teimam em não querer sair nos terminais e a quererem ser eles, a impor as regras do funcionamento de um transporte que é público e não turístico. Não querem ceder lugar a idosos, querem viajar sentados durante o dia, mas se for à noite até podem ir às cavalitas. 

A juntar a tudo isto, a falta de fiscalização nas ruas de Lisboa, com TVDE's e Estafetas a fazerem acrobacias, com cargas e descargas a hora de ponta entre outras coisas mais. A polícia? Quando temos a sorte de a ver, está no carro tentando não se chatear. E nós lá continuamos com a pressão de quem quer chegar a horas a casa ou ao trabalho, e muitas das vezes até com pedidos internos para avançar do terminal mais cedo, como que se não pudéssemos respirar, comer ou até urinar, com interrupções atrás de interrupções e com um turismo pé descalço que quer pagar 3 euros para andar todo o dia de eléctrico. Calma! Nós também fazemos parte desse grupo que se dá pelo nome de humanos.

O cansaço vence qualquer bom senso que ainda possa resistir porque afinal não está tudo bem e ao que parece não há quem veja, ou quem não queira ver, que é desumano trabalhar nestas condições. Afinal de contas, vai ficar tudo bem? Mas quando?

Boas viagens a bordo dos veículos da CCFL.

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