sábado, 17 de janeiro de 2009

108... sem a paz do senhor

Mais um dia e mais um final de semana à porta. Resumindo a semana, comecei pela 742, passei pela 35 e hoje estive na 108. Mas por enquanto o que há para contar é mais um dia na 108. O serviço era daqueles mauzinhos! Entrar ás 9h00 e sair ás 19h00 numa carreira que tem um trajecto curto e deprimente, pelo menos para mim. A vantagem, só mesmo a rendição que é à porta da estação.

As primeiras duas viagens até passaram rápido porque andava pouca gente na rua, mas como é sábado, mal o sol apareceu, lá saiu tudo à rua para as habituais compras da semana, no Lidl de Alvalade, ou no talho Extracarnes das Galinheiras e porque não no supermercado Europa, ali no Lumiar...

Sacos, malas, enfim uma série de braços carregados de mercadoria a ser consumida no decorrer da semana! Até aqui tudo bem e até estava a estranhar não aparecer alguém para marcar a diferença. Mas não foi preciso esperar muito. Por volta das 11h30, uma senhora entra no C.Grande e pergunta-me se a 108 passava na feira das Galinheiras.

Disse-lhe que sim! E nova pergunta: «Depois sobe lá para cima não é? é que não me recordo já cá não venho há 10 anos!...» Ao que respondo: «Não, depois desce para as Galinheiras onde faz terminal.» Entrou e sentou-se no primeiro lugar.

Chegado ao recinto da feira, levanta-se e apontando para o topo da localidade (apelidada de Castelo, dada a existência em tempos de um castelo...) diz: «É ali está a ver!?»

Informo-lhe que só o 757 lá passa mas apenas durante a semana. Decide apear-se.

Mais tarde volta a entrar para regressar ao Campo Grande, mas fica a meio do caminho porque descobre que a carreira 3 também lhe serve. Pelo meio fiquei a saber um pouco do que ali foi fazer e sem lhe ter perguntado nada. Era senhoria de uma loja ali instalada, mas há 10 anos que ali não ia e que nem sabia que tinham construído aquele acesso ao Eixo Norte-Sul. Ou seja, é daquelas senhorias que se interessam pelos imóveis! Há 10 anos que lá não ia...

Na viagem seguinte, entra uma outra senhora. E permanece junto a porta da frente. Quando nos aproximamos da paragem seguinte, pede: «Senhor motorista, afrouxe ai nessa paragem para ver se lá está uma amiga minha...» Há anos que não ouvia tal expressão!

Pensei que por hoje bastava, mas ainda estava por aparecer a senhora que pensava que o motorista também tinha missão de carteiro, e com respeito pelos carteiros de Portugal, mas poupem-me, porque o Lumiar ainda tenho obrigação de saber onde é porque passo lá, agora saber onde é o Lote 7...

Cliente A: «Boa tarde sr.motorista, passa no Lumiar?»
Eu: «Passa sim, senhora...»
Cliente A: «Então quando chegar-mos ao Lote 7 diga-me para sair, s.f.f...»
Cliente B(metendo-se no diálogo): «Para o Arco cego, apanha o 36 e sai no Saldanha...»
Cliente A: «Não é Arco Cego! É Lote 7...»
Cliente B: «Nem os carteiros sabem, quanto mais o motorista, senhora...»
Eu: «Pois, isso não lhe posso dizer minha senhora. Lamento.»
Cliente A: «Pois mas eu sei onde é! Tenho um irmão a morar lá...»

Mais tarde e já no regresso, avisto-a de novo, agora na companhia da cunhada. Entra no autocarro, depois de se despedir duas vezes com Beijinhos e um «Vai com Deus e obrigado por tudo querida...» Já com as portas fechadas e pronto a arrancar, lá ia ela dizendo: «Adeus filha, vai na paz do senhor e que jesus Cristo te acompanhe. Beijinhos. Adeus até á próxima. Fica com Deus...»

Fiquem também vocês na paz do senhor que para mim hoje chega. Amanhã espero que seja mais relax...

Boas Viagens!

2 comentários:

Anónimo disse...

Não há dúvida que os passageiros condizem perfeitamente com as carreiras. Carreira deprimente, passageiros deprimentes. Melhores dias virão certamente.

Cumprimentos

Carlos Correia

Anónimo disse...

Na 5a feira fui até ás Galinheiras na 108.
Na Musgueira vários miudos da escola entraram por traz, depois andaram à porrada uns com os outros, uma gritaria enorme, a partir da Charneca resolveram fazer a viagem em pé junto ao motorista (para quem está ali clandestinamente, é abuso).
Uma rapariga com muita falta de educação e poucos dentes comia pevides e cuspia as cascas para o chão! o autocarro chegou ás Galinheiras cheio de cascas pelo chão.

O regresso fiz na 17, e os passageiros comportaram-se todos de forma ordeira, apenas as costas dos bancos estavam muito sujas, onde sou forçado a roçar os joelhos por falta de espaço entre bancos!

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