Tem aproximadamente 360 páginas, 13 capítulos, várias imagens, explicações e tudo com um objectivo, o de dar a conhecer como se deve trabalhar com o eléctrico articulado da Carris. Engana-se portanto quem pensava que eu tinha decido agora seguir a carreira de Padre, ao ver um livro com algum volume e de dimensões reduzidas. Na verdade esta é a Bíblia sim, mas do eléctrico que em 1995 chegou a Lisboa para ligar a Cruz Quebrada à Praça da Figueira, mas que acabou por ficar sempre a funcionar entre Algés e a Praça da Figueira.
Depois de dois anos de condução do tradicional eléctrico de Lisboa, tive então agora a oportunidade de tirar a formação destes "irmãos" mais novos e as diferenças são muitas, desde o tamanho ao seu funcionamento. Como tal a formação tem ajudado a esclarecer as dúvidas que vão surgindo ao longo dos dias. Depois dos primeiros dias em sala com os estudos técnicos, hoje foi o dia de ir para a rua conduzir, naquele que foi o primeiro contacto directo com o articulado da série 501-510.
O eléctrico reservado para o efeito foi o 503 e a publicidade do mesmo parecia ter sido escolhida de propósito. Na zona lateral e junto às portas lia-se «Respira Fundo... e Segue!». Havia melhor conselho para início da condução deste veículo?
As portas só abrem quando os botões estão com os led's acesos! |
Entrámos então no eléctrico 503 que foi preparado conforme está estabelecido internamente e foi feito o "teste de componentes", que no fundo é uma verificação por parte do sistema de todos os elementos e seu funcionamento. Começava então mais uma etapa desta carreira. E não foi preciso muito para constatar algumas situações que acabam por ser engraçadas, embora quem esteja do lado de fora, não ache graça nenhuma que é o facto do eléctrico se aproximar das paragens e por muito que leve uma placa a dizer «Formação», bandeiras de «Reservado» e ainda indiquemos com o braço que não efectua paragem, eles insistem em bracejar mesmo quando o eléctrico já está para sair da paragem.
Depois há os que vêem um eléctrico amarelo e desatam a correr para a paragem ao estilo Rosa Mota, mas tudo não passa claro está, de um esforço físico, porque não fazemos ainda o transporte de passageiros. E por fim há os que tudo querem e tudo perdem! Um eléctrico remodelado da carreira 15E circulava na nossa frente e numa das paragens, várias foram as pessoas que ao avistarem o articulado decidiram aguardar por ele. Quando o eléctrico tradicional avança e constatam que o de trás afinal é de Formação, o movimento é generalizado e bem ao estilo de uma «flash mob» com o desânimo de quem parece ter acabado de perder o último comboio do dia!
E no geral, a formação tem sido bastante interessante e tem superado as expectativas no que ao carro diz respeito.
[n.d.r.]: Foto do Eléctrico 503 tirada a 19/01/2012 e gentilmente cedida por Rogério Dias.
[n.d.r.]: Foto do Eléctrico 503 tirada a 19/01/2012 e gentilmente cedida por Rogério Dias.
3 comentários:
Agora com estes Rafael,o contacto pessoal será diferente ou nenhum já que a cabine é fechada .Podem acontecer histórias caricatas que ficarão por contar ,daquelas que relatas desde a avózinha com o neto à Ti Maria que pede o favor de sair na esquina pela frente!mas não pode parar porque são os Amarelos da Carris.
É sempre angustiante ver um "Reservado" passar e imcompreensívelmente absurdo o ficar a olhar para ele... mesmo sabendo que não vai parar :-)
Parabéns pelo novo curso. Ainda vai ter muitas saudades do contacto com o público ;-)
Apenas acrescentar que este curso de formação não limita-me apenas ao serviço nos eléctricos articulados. Continuarei a fazer as linhas 12.18.25.28 igualmente como até aqui. Este é apenas mais um crédito para o escalamento!
Versatilidade acima de tudo!
Abraços
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