Normalmente nesta profissão de motorista de autocarro, quando se fala de miúdos ou é pelas peripécias que nos causam quando carregam nos botões de emergência ou quando se penduram nos varões, ou até mesmo quando se desbroncam e desmentem os pais que teimam em dizer que tem 3 anos quando tem 4 ou 5, mas hoje escrevo pelo lado oposto...
Hoje escrevo pelo miúdo que acompanhado pela mãe se sentou logo no banco da frente. O sorriso de alegria por andar de autocarro era enorme e como a tarde estava a ser calma demais, até deu para escutar o que ia sussurrado à sua mãe.
Apontando para várias partes do balaústre horizontal da frente lá ia soltando:
«mãe aqui é o botão da porta da frente e o da de trás como o senhor tem e faz "pssssss" para abrir....»
«Aqui é o pisca-pisca...»
E quando arranco de uma paragem observo o menino entusiasmado a fazer gestos idênticos aos meus virando um volante, mas sem o ter. Estava já a imaginar-se motorista de autocarro, mas mal sabe o rapaz, os espinhos que esta profissão carrega. Contudo fez-me lembrar algumas brincadeiras de infância quando alegremente ia à Feira Popular no 35 com os meus pais. Pois também eu gostava de observar tudo...
Hoje acabo por ter de fazer esses gestos mas na realidade. "C'est la vie..."
Depois lá saiu o rapaz contente por ter dado um passeio de autocarro e para terminar em grande, uma menina dos seus 5/6 anos manda-me parar coma sua avó...
A senhora entra e diz-me que só aquela rapariga a faz apanhar o autocarro por uma paragem! Não é que a garota estivesse cansada, mas era o receio...
O receio de se cruzar com dois cães que estavam no passeio. E assim foi o dia na 701 com os miúdos e com a notícia que um eléctrico da 28 havia descarrilado na Calçada de São Francisco.
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