terça-feira, 1 de setembro de 2009

Não está nos cinemas mas é candidato a um globo: "Tirem-me deste cheiro"

Bem, já há uns dias que nada havia de especial para contar, porque para contar há sempre todos os dias, mas hoje cheguei a casa ainda com o odor que esta tarde me obrigou quase a conduzir com a cabeça de fora. Eu sei que já foi um tema aqui abordado - os cheiros, mas hoje o dia até estava calmo, apesar do serviço na 35 recair sobretudo, em viagens para o Hospital de Santa Maria. Pois eu até prefiro as viagens para a P.Chile...

Agosto já lá vai e o primeiro dia de Setembro, trouxe a confusão de volta ao centro da cidade. O que se fazia em 3 minutos passou a ser feito em 8 ou mais, porque muitos já regressaram ao trabalho, o que fez aumentar o trânsito para os lados da P.Comércio. Logo pela manhã e ainda a aguardar a rendição, no Cais do Sodré, um rapaz pergunta-me o porque do passe durar 30 dias se o mês tinha 31. Lá lhe tentei explicar, mas rapidamente vi que ele falava só para protestar (e mal), porque a cada resposta minha, dizia «mas o mês tem 31 dias, não se compreende...»

Ultrapassado esse momento, lá veio a má disposição de quem parecia estar revoltado por ter voltado ao trabalho. "Mas que culpa tenho eu disso?" A pergunta fica no ar...

Já da parte da tarde e depois da pausa para almoço, aparece na paragem da João XXI, uma senhora que já a conheço só pelo cheiro e pela sua arrogância. Perdoem-me os leitores mais sensíveis, mas é daqueles passageiros que nos fazem querer ver a sua paragem de destino o mais rapidamente possível.

Recordo-me da primeira vez que a transportei (na 745), onde entrou e perguntou: «Passa no C.Grande?», e recordo-me ter respondido na altura que apenas passaria no Jardim e não no interface. Mas na altura foi tão arrogante comigo que ficou logo apresentada e sempre que entra pergunta o mesmo, embora já saiba que passa lá.

Hoje vi-a na paragem e pensei: "Lá vem ela perguntar se passa no C.Grande...", mas antes que perguntasse disse eu: «Então vamos até ao C.Grande não é verdade?...» Surpreendida, pergunta: «É pois, mas como é que sabe? É que eu vim no 22 e vi que estava enganada, pois costumo ir no 745». Pronto cheguei rapidamente a uma conclusão: Péssima ideia ter dito que ia para o C.Grande. Mais valia ter esperado ela perguntar e sentar-se. Pois assim ficou em pé junto á cadeira da frente a contar o que tinha feito toda a tarde.

«Sabe vim agora do restaurante do antigo jogador do Benfica, vou lá todas as tardes descascar batatas, porque cozinhar, não cozinho. É a minha filha q trabalha lá...» E para não ser directo, até porque já nem estava a ouvir o que me dizia, tal não era o cheiro que transportava consigo. "Faz bem, mas não acha que era melhor sentar-se lá atrás, para não correr o risco de cair... É que posso ter de travar de repente e cair", mas ela estava firme e dizia «estou bem segura, não se preocupe...» Oh nãooooooo!!!!!!!!

Lá cheguei ao C.Grande já depois de muito ouvir o que já não estava a ouvir e de cheirar o que já não cheirava. Já estava anestesiado ao ponto de chegar a casa e ter de lavar bem a cara e o nariz para libertar aquele cheiro que para dar um certo realismo ao texto, era um cheiro a mijo retardado. Algo que por muito que tente não consigo compreender nem suportar. A ÁGUA NÃO FAZ MAL A NINGUÉM!!!!

A sorte nestas alturas é quando entra alguém com um perfume agradável que vai sanando o ambiente do autocarro, onde já nem os extractores actuam, ao estilo de uma saga qualquer de um filme numa sala perto de si. Não é o "tirem-me deste filme", mas poderia ser bem o «Tirem-me deste cheiro...»

Boas viagens

4 comentários:

Anónimo disse...

ah ah, tive na 106 mas por acaso, para admirar não me calhou nenhum aroma mais repugnante, fica bem.

Rodrigo (viajante diário do 727) disse...

tenho notado uma voltar dos cheiros antigos nos autocarros. a vida está difícil mas água não é cara, mesmo que não se tome banho todos os dias, pode-se sempre passar por água. Mas o problema é mais grave, revelando a nossa falta de capacidade, como povo, de procurarmos, colectivamente, melhorarmos. Isto é que é muito grave.

CR 35 disse...

Os jovens de hoje cada vez estão mais BURROS os velhos andam atrasados 40 anos os mais novos pelo que se vê levam 40+20 devias perguntar-lhe se o patrâo dele lhe pagava 31 dias durante um ano e já agora deixo aqui uma sugestão na venda do passe ou de tarifa de bordo as empresas oferecerem como se faz na TAP ou nos restaurantes uns toalhetes para higiene pessoal.Abraço,Roger

Bruno Pedroso disse...

O problema aqui não é falta de água mas sim, ter cuidado coma higiene e sobretudo preguiça! Só o facto de saber que essa senhora descasca batatas num restaurante, acho que é melhor nem saber ao certo qual é.

Há algum tempo que não apanho com cheiros... geralmente destaca-se o inverno quando os autocarros vão sardinha em lata. Na 47 não tenho notado isso, a 729 de vez em quando lá aparece algo desde um rapaz maluco que se mete a falar alto e cospe para o chão, mete-se com as raparigas ao velhote que cheira sempre mal e que ninguém pode com o fedor.

Sinceramente há pessoas que não têm nariz, ou então esqueceram-se dele como se esquecem do passe.

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