Mas não havia cortes que resistissem. Chove em Lisboa e a cidade para. O que também parece parar nestes dias são as pessoas que fazem muitas perguntas e grande parte delas sem nexo, senão vejamos este tipo de diálogo desta manhã...
Passageira: «Desculpe, passa ali em Entrecampos não passa?»
Motorista: «Exactamente, passa na Estação e na rotunda de Entrecampos!»
Passageira: «Então e não passa no cruzamento com a Av.Forças Armadas?»
Motorista: «Sim é a rotunda de Entrecampos...»
Passageira: «Ah! Então posso sair na paragem antes dessa?»
Palavras para quê? O importante é esmiuçar o motorista, já que este termo está tanto na moda. Uns metros à frente dois acidentes complicam a passagem do autocarro mas com jeito lá se passa rumo a Odivelas. No regresso a fila para o centro da cidade começava já no C.Pequeno e ao chegar ao M.Pombal e quando levava bandeiras de "36 Rossio", pedem-me que faça transbordo para o carro de trás que ia ao C.Sodré.
Como tinha poucos passageiros (tendo em conta que era um autocarro articulado), consegui fazer o transbordo, mas não sem antes, ser uma vez mais esmiuçado por um passageiro que insistia em dizer-me que «isto assim é que não é nada! Se queria ficar aqui tinha posto M.Pombal e não Rossio, porque nós aqui somos passageiros e não os bombos da corte...» , mas eu é que queria ir só ao M.Pombal? Esta gente esta toda passada! E vá lá que ainda saiu dizendo que sabia bem que a culpa não era minha, mas que ainda assim tinha de o ouvir.
É nestas e noutras alturas que o motorista se sente uma vez mais o muro das lamentações e pensa que não teria ouvido aquilo se não estivesse ali naquele preciso momento. Volta dada ao Marquês e nova viagem para o Sr.Roubado, mas para mim seria apenas até ao Lumiar. No Saldanha, uma senhora entra e diz-me «Boa tarde, este carro não passa ao Pulido Valente, pois não? Vai só até ao Saldanha...» e lá tive de explicar uma vez mais que ia para o Sr.Roubado, via Saldanha e que passaria no hospital.
Já da parte da tarde a chuva resguardou-se e permitiu que o trânsito fosse menos intenso, mas o que não foi menos intensa foi a última viagem do dia e para o Sr.Roubado. Um pouco atrasado porque efectuei quase todas as paragens desde o Cais do Sodré, para não dizer mesmo todas e ao chegar ao Lumiar a C.C.T. pede-me que no terminal colocasse o carro na hora, entrando no C.Grande. No destino tinha ainda "36 Sr.Roubado" porque era aí que iria terminar aquela viagem.
Nas paragens iam ficando alguns passageiros que queriam o carro que ia para Odivelas, e ás 17h58 dava então por terminada a viagem no Sr.Roubado. Todos os passageiros saíram do autocarro com a excepção de um que estava na ultima fila do articulado. Ao ver o autocarro vazio, dirigiu-se até mim para também ele esmiuçar-me...
Passageiro 2: «Ó chefe, isto não ia para Odivelas!?!»
Motorista: «Não senhor. Este carro é só até ao Sr.Roubado...»
Passageiro 2: «Desculpe mas dizia lá Odivelas, se já não diz você mudo em andamento...»
Motorista: «Desculpe mas é impossível, primeiro porque teria de me levantar para mudar o destino e segundo, se reparar todos os passageiros saíram sem eu falar, só o senhor permaneceu. Será que só você é que está certo?»
Passageiro 2: «Desculpe mas isto não fica assim, porque vocês fazem o que querem e fazem de nós parvos... Vou escrever pró Carris e dizer que esse carro dizia Odivelas e não Sr.Roubado...»
Motorista: «Pode escrever o que o senhor entender, mas olhe que o engano foi seu e como vê aqui (até lhe mostrei a chapa), eu fazia 18h00 aqui no Sr.Roubado...»
Passageiro 2: «Mas você mudou... Dizia Odivelas!»
E como não vale a pena teimar com esta gente que tem sempre razão... Lá saiu, mas não sem antes apontar num papel a hora e «o número da camioneta».
Amanhã termino a semana e só espero que não me esmiuçem mais porque esta semana já chega!
Boas Viagens!
Foto gentilmente cedida por A.J.Pombo
10 comentários:
Pois esta carreira 36 é rica em episódios deste género. Depois junta-se a chuva e está o caldo entornado.
Deixa lá, amanhã será melhor, espero eu.
Abraço.
Vasco Lopes
Bolas que esta gente nunca está contente com nada!! Haviam de ter autocarros de hora a hora como aqui na Caparica para Lisboa e não piavam!
Estão é mal habituados.
Grande abraço e coragem Rafael.
Rafael "os camionetas "quando se lhes chamam a atenção para a validação do título de transporte ficam ofendidos ou não ligam nenhuma pois aprenderam com a ralé dos bairros mas quando erram tentam esmiuçar os funcionários com afirmações sem fundamento porque ouviram um outro ignorante num dia qualquer as mesmas palavras !por aqui se vê a nata do passageiro de Lisboa e a falta de visão dos presidentes de câmara de Lisboa.Resto de bom serviço e VIVA A 35 que já se está a tornar uma carreira certificada faltando depois certificar os passageiros.Um abraço
ora boas
Essa do "mudou a bandeira em andamento" é a que mais gosto de ouvir lololol
No dia 26/9 tava eu na bela da drobra num serão da 15E quando chego a Pr. Figueira atrasado, por causa do comício de encerramento do PS na antiga Fil, quando recebo a mensagem da CCT com "alt term BELEM".
Lá arranco chegando a Belem todos se levantam excepto um senhor k me pergunta se nao vai a Algés ao k eu respondo que nao. Nisto ele diz que tava la escrito Alges e nao Belem e que eu tinha mudado a bandeira pelo caminho lolololol
Até apostou comigo 20 euros e tudo lolololol
Na minha modesta opinião, fazer transbordo é um mau serviço prestado ao cliente. Se o carro está atrasado, faz a viagem até ao destino e depois acerta-se o "passo". Ou vai reservado até acertar hora, ou vai com encurtamento. A maioria das vezes não há condições para o transbordo e quase todas se fazem já muito perto do terminal, excepto avaria ou acidente. Só o tempo que se perde a explicar às pessoas para trocarem de carro, o tempo que levam para fazer o transbordo ainda mais se tiverem locomoção difícil, faz com que fiques mais atrasado e o outro carro igualmente a perder tempo, mas enfim...
Não concordo com a afirmação das 22:45. Se a fila não anda nem desanda mais vale terminar logo ali do que irem dois carros seguidos e mais parados que a andar. Aos de mobilidade reduzida pode custar um bocado, mas tambem não é por aí que chegam mais tarde ao destino.
Hoje na 726 foi dia de esmiuçar os borlistas. Em duas paragens foram postos 3 na rua.
O primeiro passa um passe caducado na maquina. "Oh chefe não deu sinal verde! Volte a passar na maquina até dar." (obvio que nunca daria) até que sem dizer nada o vigarista resolveu sair!
A seguir um casal de xungas entra no autocarro como se estivesse em casa. "oh casalinho os transportes pagam-se!" Nada, autocarro parado de portas abertas... nada, até que passado um minuto com todos os passageiros a olhar para eles resolveram sair.
Se os autocarros já andam cheios só com quem anda legal, para quê transportar tambem ilegais? =D
Mas ainda houve um velho do Restelo que por entre a multidão lá soltou: "esta juventude está perdida! Não têm respeito por nada! Estes é que vão ser os homens de amanha? O que vai ser deste país?"
Será que o velho não reparou que com o mau cheiro e o mau aspecto que tinham, que são dois desinseridos da sociedade? Que não servem de amostra para o resto dos "jovens"! E que os paisinhos e avós deles certamente tambem não foram homens como o que o velho referia?! Obvio que o velho percebeu isso, mas tinha que mandar o bitaite que ouve em todo o lado, mas mesmo assim acha original!
É o desenvolvimento mental da maioria dos velhos que anda nos transportes publicos a mandar postas de pescada para o ar.
se o país está como está não temos de agradecer aos jovens de hoje mas sim aos mais velhos que o puseram como está, e que educaram os jovens de hoje.
Mas " óh " colega, não acredito que não deixe passar ninguém sem titulo de transporte, a sério?
é que se vier fazer a 106 aqui da musgueira o autocarro nunca saíria do terminal eh eh eh...
LOL Eu não trabalho na Carris.
Eu era apenas um passageiro naquele autocarro que assisti à cena e adorei a atitude do motorista, fez-me lembrar os mais velhos que eram todos assim. Provavelmente quando aquele motorista é escalado para a 30, 729 ou 205 tem outra atitude, mas na 726 foi assim e resultou. É de aplaudir, a conversa entre os passageiros foi de sim senhor, agiu muito bem. Não pagam, não andam. Isto já é barato para todos pagarem.
Na 106 mais vale não ligar. Se eles não andam legais oficialmente não existem, logo a carreira é reduzida na frequencia e menos provavel é de se ser escalado para lá.
Abraço aos motoristas da Carris e boas viagens de preferência na companhia de passageiros decentes.
Tens que ter a paciência de um santinho!;)
Abraço
caso para dizer: perdoai-lhes senhor....que eu não posso!!
Muitos parabéns por sete seu blogue!!! magnífico!!
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