terça-feira, 20 de abril de 2010

«Afinal de contas» este é o lugar mais apetecido do eléctrico!

É o lugar mais apetecido. Faça chuva ou sol, é o primeiro lugar a ser ocupado. Aberta ou fechada, por ela cruzam-se olhares, por elas espreitam-se as colinas, nelas debruçam-se braços de quem quer desfrutar ao máximo a viagem a bordo de um eléctrico de Lisboa. Trocam-se palavras, tiram-se fotos e fala-se até em queijo! Mas o "cheese!!!" é só para mais uma foto que um dos elementos do grupo brasileiro que esta tarde entrou no Corpo Santo, tirava com a sua polaroid.

Modernices a bordo de um transporte que ainda é do tempo em que se dizia para a máquina fotográfica "batata frita", só para se tentar dar um ar mais natural a uma fotografia que serve para mais tarde recordar. E se os amigos dos bondes, ficaram encantados por andar de eléctrico ainda que numa viagem curta até à Rua da Alfândega, onde apanharam o 35 rumo ao Areeiro, outros (alemães) houve que quiseram repetir a dose no sentido inverso.

Mais uma viagem para a Ajuda e com o regresso a casa de quem tinha cumprido mais um dia de trabalho ou de estudos. O rapaz que ia sentado no primeiro banco da esquerda respondia com entusiasmo às perguntas que a mãe lhe ia fazendo pelo caminho. Se tinha comido a sopa, se tinha trabalhos de casa, se já sabia a tabuada, enfim quase um daqueles interrogatórios que quando somos pequenos temos de enfrentar diariamente. E quando menos esperava... «então e 6 vezes 10 a dividir por 2?», perguntava a mãe ao que o rapaz respondeu «ó mãe essa é fácil... 30!»

Contas à parte num instante chegámos à Ajuda e o relógio dizia que até iniciar nova viagem com destino ao centro da cidade faltavam ainda 6 minutos. O sol que durante a tarde entrou sem pagar bilhete pelas janelas do eléctrico, partia ainda antes do eléctrico, dando lugar a alguns aguaceiros inesperados para quem tinha deixado o chapéu-de-chuva em casa. Uma jovem pergunta-me se passo no pavilhão da Ajuda e após saber que o 18E lá tinha uma paragem próxima, compra-me um bilhete e pede-me encarecidamente que lhe avise «porque não percebo nada disto e não sei sequer onde estou», dizia.

Chegado ao Pavilhão, avisei-lhe que tinha de descer. Na mesma paragem e do lado de fora, uma senhora pergunta-me se passava na Praça da Figueira. Digo-lhe que não e que ali, tinha o 60. «Mas passa lá perto então!?!», dizia-me com tanta certeza quanto a incerteza que tinha, quando perguntou. Ao mesmo tempo entra e impede a passagem dos restantes passageiros por instantes. Parecia que alguém tinha carregado no botão do "Pause" da "box amarela" a 3D.

Senta-se e duas paragens à frente levanta-se e pergunta-me, «onde termina este eléctrico afinal de contas?»,e digo-lhe que "este é o 18E e termina na Rua da Alfândega", que normalmente ninguém conhece, porque ou dizem que é na casa dos Bicos ou no Campo das Cebolas.

A viagem prossegue já com alguns pingos, mas ainda vejo pelo espelho exterior, alguém que decide levar cabelos ao vento na janela que continua aberta. Indiferente aos pingos de água que vão caindo, chega ao terminal como se nada fosse e quando lhe digo que terminou a viagem... «Desculpe. Estava a saber-me tão bem a viagem de eléctrico que voltava novamente, mas não para o trabalho... só mesmo em passeio, mas tenho de apanhar o barco», mostrando que estava prestes a ser vencida pelo cansaço de mais um dia de trabalho.

Amanhã há mais! Boas Viagens!

1 comentário:

JC Duarte disse...

"O sol que durante a tarde entrou sem pagar bilhete pelas janelas do eléctrico..." Tenho que admitir que esta frase me encheu as medidas, caramba!
E, já agora, o que está na moda, no lugar de "batata frita" ou "cheese" e mesmo "banana", vá-se lá saber porquê.

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