As situações que vão ocorrendo no nosso dia-a-dia, quer seja num autocarro ou num eléctrico e que tenham Lisboa como pano de fundo, são sempre factos que dariam para escrever mais do que um livro, e muitos desses factos, completamente descabidos ou impensáveis.
No decorrer desta semana presenciei mais uns quantos que tão depressa não me irei esquecer. Não porque tenham sido demasiado importantes, mas pelos actos por exemplo da funcionária da Câmara Municipal de Lisboa que com o seu colega decidiram deixar o veículo, (ao qual não sei o que chamar, porque nem é mota, nem é carro nem carrinha) em cima da linha do eléctrico que fazia mais uma viagem dos Prazeres à Rua da Alfândega.
Como em redor não havia lixo espalhado nos passeios, deduzi logo que estivessem no café ali ao lado. Chego o eléctrico um pouco à frente já depois de ter alertado a minha presença com a campainha e verifico que os mesmos estão encostados ao balcão descontraídos a beber umas imperiais. Faltava mesmo só os tremoços, porque não lhes faltou a lata que tiveram para dizerem que só tinha era de esperar «porque se fosse-mos à casa de banho também tinhas de te aguentar...», dizia a funcionária do município, ao mesmo tempo que transmitia uma imagem que não devia de toda uma classe.
Mas esta não foi a única situação parecida. Já ontem, o serviço que tive não dava um livro, mas sim um filme. Porque a chegada à Rua de São Paulo - claro é sempre nesta rua - com destino à Estrela, uma carrinha mal estacionada ainda antes de chegar ao Ascensor da Bica, deixou-me ali parado cerca de 25 minutos, também depois de já ter tocado a campainha insistentemente durante algum tempo, sem sinais de que o proprietário estivesse por perto.
Mas engana-se - como eu - quem pensa que o proprietário estava longe. Depois de ter informado a central da interrupção e ter pedido o reboque, um carteiro dos CTT informa-me que o dono da carrinha era um homem de t-shirt branca que estava encostado à porta de uma loja e que já nos tinha visto até, desde a altura que ali tinha-mos chegado. Descontraidamente dirige-se para a carrinha e pergunta se «não passa por causa da carrinha? Desculpe mas nem tinha reparado que era eu que estava a estorvar...», escusado será dizer que os passageiros que permaneceram dentro do eléctrico só não lhe chamaram santo.
Mas a semana deu ainda para ver os cavalos da GNR em treinos para as comemorações desta força que se comemora em breve (2ªfeira - 3 de Maio), o que acabou por fazer parar a carreira 18E por alguns minutos, sempre agradáveis para ver a força com que os cavalos vencem a colina da Ajuda, para encanto também dos turistas que se transportam no 18E com ideia que aquele é o eléctrico que os leva ao Castelo de São Jorge ou a Belém.
Outros há que até perguntam qual o destino e seguem viagem, porque o que querem mesmo é conhecer Lisboa com a ajuda do eléctrico.
8 comentários:
sempre que vou para fora do País fico atenta aos eléctricos que circulam, porque também eu sou admiradora deste meio de transporte, desta vez em Budapeste vi que os eléctricos que circulam junto ao Danúbio têm uma zona exclusiva com bonitos gradeamentos de ferro, nas avenidas o espaço é delimitado por cunhas em cimento de + ou - 3o cm, excepto nos cruzamentos como é evidente.Sou pouco viajada mas estou convicta que os nossos autarcas devem ser bastante, porque é que não reparam no que se usa lá fora, terão receio de perder a identidade....
Cpms da sua leitora assidua
Quanto a esse pessoal da Câmara, se fosse eu, fazia queixa! Foram indecentes e mal-educados. E é ainda pior vindo de uma instituição pública...
O homem da t-shirt branca... Bem... Fizest o que pudeste que, com gente dessa, não há razão que lhes entre na cabeça!
Ontem também fui dar uma voltinha na 25, ao fim da tarde, e nesse mesmo local, antes do Elevador da Bica, lá estava um carro estacionado em cima da linha. Depois de 20 minutos, sai de uma loja chinesa logo ali ao lado um homem com ar de parvo e prontinho para fazer a pergunta da praxe: "Não passa?". Lá deduziu que era uma pergunta estúpida e acabou por não a fazer.
"Se fosse na linha do combóio não o metias lá!!!" - gritou um passageiro, furioso.
Depois foi quase em frente à esquadra da R. da Boavista, com uma carrinha. O polícia à porta da esquadra, descontraído a fumar um cigarro, completamente desinteressado com o que se estava a passar, deixou o condutor da carrinha impune, que apareceu 15 minutos depois.
Enfim, estamos mesmo na selva.
Abraço.
Vasco Lopes
Cara Raquel,
Os eléctricos de Budapeste, tal como na maioria das muitas redes de eléctricos funcionam como autênticos metros de superfície, com corredor própria nunca partilhado por mais nenhum meio de transporte (nem autocarros), excepto, claro, nos cruzamentos, os quais têm semáforos sincronizados com os eléctricos (não significa que mude automaticamente para verde quando o eléctrico lá chega, mas apenas abre para o eléctrico quando há realmente um eléctrico para passar).
Para uma descrição mais "apurada" do sistema de transportes de Budapeste: http://iberista.blogspot.com/2008/09/viagem-budapeste.html
(se lerem isto verão que sou extremamente crítico para com as nossas empresas de transportes públicos, principalmente a Carris. Antes que me "matem" aviso que trabalho numa delas, pelo que quando falo faço-o com algum conhecimento de causa).
Povo!em Lisboa circulam eléctricos à muitos anos ,não foram projectadas ruas próprias para eles e se o fizessem as carreiras 12,18,25,28...nunca poderiam circular porque depois os comerciantes reclamavam das cargas e descargas, e a cidade não é propriamente plana! melhorem o estacionamento ou acabem com eles.Deixem os turistas regalar-se com todo este aparato porque os portugueses não sabem reclamar só destruir o que está feito e são mal educados uns com outros e se trabalharem em regime fechado em que ninguém os chateia com perguntas parvas ou terem que aturar mal dispostos com atrasos de simples dez minutos que nos transportes de superfície são perfeitamente normais devido à geografia da cidade e bastante toleráveis .E se tratarem bem todos os funcionários, sejam da restauração,do estado ,ou dos transportes colectivos com educação o Povo agradece a retribuição e tudo funciona como deve ser . Boas viagens a bordo dos veículos da CCFL que ainda é a empresa com as suas limitações a tentar melhorar o tansporte público em Lisboa (alguns pensam que faz parte da Santa Casa ).
Na passada 5ª feira à tarde também presenciei uma cena do género carrinha mal estacionada, na esquina rua da Conceição com a rua dos Correiros. Quando por lá passei, há já meia hora que durava o pandemónio, havendo uma fila de oito eléctricos...Mas, o faltoso viu mesmo carrinha rebocada e a apreensão da Carta, segundo relatos de populares.
E,não é que ainda havia gente a defender o faltoso? Coitadinho, estava a trabalhar! Deviam era prender os ciganos que andam a vender droga! Enfim, os tugas no seu melhor!
E que tal apresentar queixa do agente da PSP que estava a porta da esquadra e não passou pelo menos a respectiva multa ao carro que bloqueava o transito.
Basta enviar um email indicando o dia e a hora em que tal se passou para contacto@psp.pt
Estas situações são a prova cabal de que é urgente um sistema que avalie os agentes da autoridade. Estes não podem pensar que basta fingir que são polícias. Quando se propuseram para esta profissão por acaso foi-lhes dito que a sua principal preocupação seria estar ao serviço dos gratificados?!...Os políticos que temos são uns imbecis irresponsáveis. Deve-se acabar imediatamente com esta vergonha dos "gratificados" e explicar aos srs. agentes qual a sua função. E urgente implementar um sistema de avaliação com base no trabalho realizado.
Assim se solucionariam os problemas que afectam o trânsito em Lisboa.
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