Quando a semana passa a correr é bom sinal. É prova que o serviço correu sem grandes ocorrências, até porque as interrupções na Rua de São Paulo já são marca registada da carreira 25E. O local é quase sempre o mesmo e quando pensamos que "desta já nos safámos" eis que chegamos aos últimos lugares de estacionamento desta rua para ali ficarmos a tocar a campainha durante alguns segundos na esperança que alguém apareça para tirar a viatura, que se tivesse ficado bem estacionada junto ao lancil do passeio, nenhum incómodo tinha causado.
Mas o desfecho é quase sempre o mesmo... Comunica-se à Central de Comando de Tráfego a interrupção e aguarda-se a chegada do reboque. Entretanto aparecem os que se julgam donos da razão, engenheiros das passagens "Resvés Campo de Ourique", que fazem trinta por uma linha, desde o dizer que «passa com custo, mas passa...», ao ajoelhar e fechar um dos olhos tirando o azimute e dizer que «o melhor é não arriscar, se não é o pai do menino...», contudo estas mesmas pessoas para as quais o eléctrico passa sempre, esquecem-se de um pormenor que é o estribo do eléctrico.
Quando o telefone toca...
Nem sempre são boas as notícias quando o telemóvel toca e aparece no visor o aviso que a chamada é proveniente da Expedição. Ou não vamos ter rendição ou caiu algum serviço à última da hora e estão-nos a ligar para colmatar a falha. A primeira chamada é recusada até porque estava em viagem, já a segunda coincide com a minha permanência no terminal e claro está, como previa, era para me pedirem para fazer um parte de um serviço, no serão da carreira 15E.
Como não tinha nada programado e até tinha levado o meu carro para a estação, acabei por desenrascar o serviço, marcando assim a estreia na carreira 15E e num serão de sexta-feira. Foi-me dado tempo para aconchegar o estômago até porque o serviço só terminaria perto da 01h00, mas apesar de ser sexta-feira, era também fim do mês o que significa que Lisboa parou com as longas filas de trânsito que me roubaram parte desse tempo que tinha.
Mas quando estas situações acontecem, ou tudo corre bem, ou tudo corre mal. Desta vez não correu mal, mas pouco faltou, primeiro porque tive de trocar de eléctrico com o da carreira 12E dado que a roldana saltava na Rua da Conceição e depois porque fiquei sem campainha de alarme, tendo também de trocar de eléctrico e desta feita com um que iria recolher, após serviço na carreira 28E. Tudo contratempos para quem tinha de efectuar a última viagem da carreira 25E e daí seguir para a Praça da Figueira onde iria entrar na carreira 15E.
O serão da 15E
«Passa nas Docas?» foi a pergunta mais ouvida em toda a noite, mas «passa em Santos?», também teve lugar no pódio e isto numa noite em que voltei a fazer um serviço pelo qual muitos morrem de amores, mas pelos quais eu continuo a não ter amor algum por eles... os serões! Ás 21h50 já as garrafas de Vodka iam a meio e escusado será dizer que depois de abertas não podem entrar.
Hoje bebe-se por estilo e não por gosto. A diversão passa por gritar ou meter-se com quem usa o transporte para regresso a casa depois de um dia de trabalho. Contesta-se o preço do bilhete que custa 1,40€, já depois de terem gasto muitos mais euros na bebida. Querem divertir-se à custa de outros até porque muitos não sabem sequer dar valor à vida. Uns compram bilhetes, outros arriscam a multa e se a fiscalização aparece numa paragem sem alguma atracção por perto, o certo é que nessa paragem sai quase toda a gente. Até mesmo a jovem que comprou bilhete até ao Cais Sodré e acabou por sair em Santo Amaro, porque a amiga não tinha comprado, talvez querendo ser mais esperta que os outros.
Na 24 de Julho, duas raparigas comentam a viagem rápida pelas calhas. «Isto é tudo em madeira, não fazia ideia... que loucura», dizia uma para a outra que de imediato afirmava que «isto mais parece é a montanha russa», dado o bater do carro em rectas e a respectiva oscilação. Mas afinal tudo vale para chegar ao local desejado, entrar dentro de quatro paredes e ouvir música até às tantas.
Um eléctrico muito à frente...
Quem também queria ouvir música talvez fosse o eléctrico 564, que sem saber como e porquê surgiu na Estrela com uns headphones pendurados no pantógrafo, para meu espanto quando fui alertado por outro colega, tendo mesmo sido motivo de uma gargalhada entre os guarda-freios ali presentes depois de um ter dito de forma irónica, que provavelmente eu tinha «arrancado os headphones a alguém que estava descontraído a ouvir música numa das janelas da Lapa», ainda quando decorria o serviço na carreira 25E.
Como nada mais podia fazer, alertei os colegas da manutenção quando recolhi, a fim dos mesmos poderem retirar os headphones, que mesmo em contacto com a corrente não davam musica nem ao eléctrico nem tão pouco ao guarda-freio :)
É caso para dizer que era um eléctrico muito à frente!...
Boas Viagens!
1 comentário:
Cá para mim os auscultadores eram do metaleiro que adora eléctricos mas que não tinha futuro como Guarda-freio,como esta malta nova que continua a ser demasiado ignorante, rebitada, grafitada,e a dar cabo dos euros dos pais em bebedeiras desnecessárias para depois apanharem os eléctricos e autocarros da Santa Casa da Carris de Lisboa porque gastaram os euros na Noite e a escreverem no Facebook,twitter,etc.... petições para que o Metro e a CCFL tenham a obrigaçâo de criarem serviços para bêbados e drogados cujos tripulantes sejam sujeitos a aturar até de madrugada as asneiradas de borlistas de uma geração rasquissíma que só escreve Sms em português assassinado sem ganharem mais por isso em nome da tolerância zero aos acidentes na estrada .Engenheiros de rua é o que à mais!Central chama 25E chapa...!SR.Guarda-Freio informe os passageiros que o dono do veículo mal estacionado alertou a Central que estava aflito por fazer um chichi e que não demora nada!e como o texto já vai longo termino com umas boas viagens pagantes a bordo dos veículos da CCFL.
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