sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Manhã "bloqueada" na 15E

Regresso à 15E e regresso ao articulado, assim foi nesta manhã de sexta-feira, com Lisboa a acordar muito cedo para receber inúmeras excursões nomeadamente na zona de Belém. «Próxima paragem... Hospital Egas Moniz», ouvia-se no interior do eléctrico minutos antes de um passageiro solicitar paragem ainda do lado de fora do eléctrico. Parado na paragem, dou ordem de abertura das portas, mas das quatro portas que o eléctrico tem, o senhor em questão, tinha de escolher logo a que estava bloqueada. E insistia em querer abrir a única que não abria. Tive portanto de informar pelo sistema de som que teria de optar por uma das portas restantes.

Mas talvez assustado por uma voz pouco radialista ou pouco habituado a ouvir um electrico a "falar", o senhor olhou de esguelha para a paragem e voltou a carregar no botão, apesar do mesmo ter a inscrição «Bloqueada». Tive de insistir, porque ali não podia estar muito mais tempo parado e também porque não queria arrancar com dedo do senhor atrás do botão. «Bom dia, essa porta encontra-se bloqueada, dirija-se à porta do lado. Obrigado!», e lá se fez luz finalmente na mente daquele senhor que ficou finalmente satisfeito por conseguir abrir a porta e seguir viagem até à Praça da Figueira.

Sem bloqueios, a viagem prosseguiu até ao seu destino, mas não sem antes uma chamada da central, fazer prever uma interrupção. «Se estiver ainda a tempo, siga para a Rua da Alfândega», mas já chegava tarde o pedido de desvio, porque estava já a cruzar a Rua da Conceição. A paragem da P.Figueira estava repleta de turistas e ainda sem saber o que se passava, depois da revista habitual ao eléctrico, cheguei o carro à paragem e abri portas. Num instante a lotação ficou quase esgotada e entre os passageiros estava um agente de autoridade, que se dirigiu à cabine, informando que seria melhor informar os passageiros que a viagem não ia ser realizada nos minutos seguintes devido a um acidente na Rua dos Fanqueiros.

E se avisar um eléctrico remodelado cheio de gente já é tarefa complicada, é nestas alturas que damos o real valor ao microfone do eléctrico articulado que permite avisar todos os passageiros que «devido a um acidente na Rua dos Fanqueiros, este eléctrico, não irá iniciar a sua viagem. Como alternativa, devem os senhores passageiros utilizar os autocarros 714 e 760», e aos poucos lá saíram todos os passageiros, mas não sem antes aparecer alguém que tinha de embirrar, só porque sim.

«Acabei de validar o meu sete colinas, e agora não seguimos viagem. Como posso reaver o meu saldo?», questionava-me um senhor antes de sair. Expliquei-lhe que poderia deslocar-se ao seu destino com recurso a um dos autocarros, com a mesma viagem descontada, mas o senhor em questão dizia-me que preferia ir a pé. Perguntei-lhe qual era o destino e disse-me que seria a Avenida Infante Santo. Disse-lhe portanto que poderia apanhar o 760, pelo que não ficaria sem transporte, logo sem razão para pedir o dinheiro de volta, mas ele insistia que ia a pé e quando lhe disse que «então se vai a pé é porque trata-se de uma opção e não uma obrigação devido ao acidente, mas quando reclamar o saldo em causa, refira também isso.» E lá me perguntou então onde poderia apanhar o 760.

Aproveitando o embalo, um casal com a sua neta, queixava-se do mesmo... «Ia-mos para Algés e agora descontou-nos a viagem e não vamos?», e lá expliquei novamente que havia um acidente que impossibilitava a marcha do eléctrico, ao que o senhor me responde de imediato, «mas ouça, viemos de propósito a Lisboa para a miúda andar de eléctrico e agora não anda, não está certo!», dizia-me ao mesmo tempo que a todo o custo saia do eléctrico. «Mas o senhor deverá queixar-se ao indivíduo do Mercedes que bateu na carrinha da Polícia, porque nós Carris, não íamos adivinhar que se ia dar o acidente. Os acidentes são acidentes por isso mesmo, por serem inesperados. E para Algés o senhor tem o 714 até Belém onde poderá apanhar o 729 ou o eléctrico...»

Escusado será dizer que não ficou 100% convicto do que lhe tinha dito, mas acabou por descarregar o resto do seu descontentamento no agente da PSP ali presente. E assim foi o regresso ao 15E, aos articulados numa manhã que aparentava ser calma, mas com alguns bloqueios à mistura.


 

 

4 comentários:

CR 35 disse...

Sinceramente ,o povo Português nunca mais evolui,por mais informação que tenham ao dispor voltam sempre à lenga lenga dos mais de quarenta anos a viver no analfabetismo.Boas viagens a bordo dos compridos da CCFL que já deviam ter sido (já que não há vontade e dinheiro para aquisição de novos)modernizados.

Anónimo disse...

Isso e pessoas em plena Praça do Comércio a tentar falar com o tripulante do lado de fora do electrico articulado, não é sr. "Carlsberg"? ;)

Rafael Santos disse...

Essa foi outra Anónimo!

O senhor na p.comércio a perguntar como comprava o bilhete. Eles pensam que se nós responder-mos eles ouvem :)

nmom83 disse...

Lidar com público é emocionante ehehe

Translate