quinta-feira, 20 de setembro de 2012

À escuta e ao vivo... na CCT, transmita!



Se pela manhã o serviço foi na carreira 15E, para a tarde desta quinta-feira tinha agendada a visita técnica, se é assim que se pode chamar, à CCT – Central de Comando de Tráfego. Numa iniciativa da Carris em conjunto com o pessoal tripulante, durante um período de 3 horas, ficam de lado os volantes e as manivelas. O lugar é num dos POP’s – Posto de Operações, que no fundo são secretárias da central por onde passam todas as carreiras da Carris. Trocam-se ideias, esclarecem-se dúvidas e no final ambas as partes acabam por se conhecer melhor.

Se num posto há só carreiras de autocarros, no outro do lado já há eléctricos à mistura e cada controlador com uma média de 40 a 50 carros por controlar, que nos écrans são bandeiras que se vão deslocando sobre uma linha, na qual estão assinaladas as principais paragens. Se a bandeira está azul, o veículo está em ponto, mas se o azul dá lugar ao amarelo, já circula com ligeiro atraso. O vermelho é sinónimo de um atraso já significativo e por vezes, há que se recorrer ao encurtamento na viagem seguinte.

Do outro lado da sala, toca o telefone. Alguém perdeu uma carteira com os seus documentos a bordo da carreira 742. O controlador da carreira envia por escrito um status aos tripulantes... «Se encontrou carteira com documentos, contacte a C.C.T. Obrigado.» E mal o telefone desliga, cai outra chamada na “artéria aorta” do tráfego da Carris. Desta feita alguém do exterior dá conhecimento de uma anomalia num dos painéis informativos. O chefe de turno encaminha o carro da técnica ao local para se inteirar da situação.

Enquanto questiono a colega que estava de serviço no POP que me foi atribuído acompanhar, sobre a questão dos encurtamentos da carreira 25E, surge um pedido de fonia da carreira 755. O tripulante informava que após um cheiro estranho e respectiva vistoria ao veículo, constatou que o mesmo estava vomitado. Não há outra alternativa. A controladora de serviço, manda efectuar a troca na estação da Musgueira. É solicitada à chapa seguinte que avance mais cedo alguns minutos para reduzir o "estrago" da falta do autocarro.

«732 chapa 10 está reparada a avaria. Pronto Socorro já esteve no local», informa do outro lado o colega de serviço na mesa das avarias. Sem tempo de ir até Caselas, ordena-se o encurtamento ao Restelo. E assim passava a tarde. A Central de Comando de Tráfego não pára, à semelhança dos autocarros e eléctricos que lá fora vão continuando a transportar milhares de pessoas, e para as quais todos trabalhamos. Conscientes de que trabalhando em equipa, conseguimos melhores resultados, esta visita acabou por ser bastante produtiva, não só para os tripulantes terem um contacto mais próximo com quem habitualmente está do outro lado do rádio, mas também para transmitir as dificuldades por vezes sentidas nas comunicações e no decorrer do serviço.

À minha frente os três écrans mostravam o estado real das carreiras 15E, 726,732, 755, 724, 734, 770, 778 e 400 quer através das espinhas, quer através dos mapas. Sobre a secretária papéis com horários e anotações. Pedidos de partidas antecipadas, pedidos de fonia, rendições, saídas e recolhas, iam surgindo no écran à medida que os minutos iam passando. A tarde foi no entanto calma, talvez por não apanhar a hora de ponta, onde imagino que as interrupções, pedidos e fonia, atrasos e o stress aumentem significativamente, sobretudo quando andamos no terreno e conhecemos as dificuldades que surgem na cidade de Lisboa.

No final o balanço foi positivo para todos os que visitaram a central, numa visita através da qual se trocaram ideias, tiraram dúvidas e onde se sentiu um pouco mais o pulsar de uma das principais artérias da Companhia Carris de Ferro de Lisboa. E se hoje o dia terminou à escuta de quem andava lá fora, amanhã alguém lá estará para me escutar se assim for necessário, sempre com o objectivo de servir os nossos clientes que nem sempre compreendem um atraso, uma avaria ou um imprevisto.

[n.d.r.]: Quero agradecer a forma como fui recebido pela CCT, assim como pela colega de serviço no POP que me foi atribuído, que esteve disponível para esclarecer todas as minhas dúvidas e questões.

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