sábado, 31 de dezembro de 2022

Adeus 22... Olá 23!

Chega assim ao fim mais um ano. 2022 não foi aquele ano inesquecível profissionalmente, foi apenas mais um ano que no geral correu bem. Depois de dois anos a fintar o "bicho" fui apanhado pelo Covid-19 já bem perto do fim. Em Novembro fui obrigado por força das dores e do estado físico a ficar em casa 6 dias. A minha primeira baixa em 15 anos de serviço na Carris. Mas o pós-covid também não foi fácil. A tosse que ainda persiste pontualmente junta-se a um cansaço fora do normal. No ano em que a Carris completou 150 anos de vida, os eléctricos do museu saíram novamente à rua e foi uma honra poder conduzir o 802 num dia inesquecível sobretudo para quem gosta de eléctricos. 

Mas a motivação não é a de outros tempos. O ambiente que se vive não é de todo igual ao de outrora, quando entrei há 15 anos atrás. E a nossa profissão acaba por ser desvalorizada ano após ano, por aqueles que até dizem que fomos muito importantes durante a pandemia, ou que somos o rosto de uma empresa com história. O que é verdade, mas falta o resto...

2022 foi um ano marcado também pelo regresso em massa do turismo, que faz aumentar as receitas e reduzir a paciência, ao mesmo tempo que vamos perdendo o poder de compra. Diziam durante a pandemia que ia ficar tudo bem e que o ser humano ia tirar ilações e ser mais humano e social. Mas tudo não passou de chavões. As pessoas estão mais agressivas, mais egoístas e acima de tudo mais impacientes. Em Lisboa as filas aumentam, a falta de respeito também, como que tivéssemos de ser subservientes daqueles que dizem ser a salvação do país, os turistas. Aqueles que querem com um bilhete simples fazer viagens até mais não. Aqueles que querem fazer de uma carreira pública uma carreira turística, aqueles que mesmo que nos vejam a comer no terminal, interrompem com perguntas, aqueles que nos tempos que correm não sabem consultar um mapa, ler uma informação, consultar uma aplicação.

2022 fica também para mim marcado como o ano em que atingi o limite, o ano em que tive de procurar ajuda médica, depois de tentar procurar ajuda da empresa. À beira de um esgotamento, causado pelo stress que se vive diariamente na carreira 28E, fui obrigado a parar (sim, não acontece só aos outros). Foram 12 dias em casa, privado das minhas rotinas diárias, em busca de um descanso mental. Trabalhar no centro de Lisboa, onde ninguém respeita regras, onde o turismo toma conta do espaço, onde o respeito não existe, é sem dúvida um desgaste enorme para quem tem de lidar com isso diariamente 8 horas por dia. Mas ainda assim dizem que não é uma profissão de desgaste rápido. 

Voltei ao activo após a paragem forçada. Valeu-me fazer aquilo que gosto, mas sei que não estou a 100%. Sei que se ninguém fizer nada pelas condições em que trabalhamos nesta cidade, isto vai-se tornar numa bola de neve. Mas quero acreditar que 2023 vai ser melhor que 2022. Quero acreditar que o Mundo vai ser melhor, apesar de ter poucas esperanças. Quero sobretudo desejar que 2023 traga mais Paz e Saúde, o resto o universo encarregar-se-á. 

Desejo assim que entrem em 2023 com os dois pés que eu vou começar com os dois pés e com as duas mãos, seja nos manípulos, seja no volante. E que sejam acima de tudo felizes, e que continuem a ter boas viagens a bordo dos veículos da CCFL.  

Sem comentários:

Translate